por Ticiana Vasconcelos Silva
Um estigma toca minha alma e se despede como um rio que em sua foz se dissolve no mar para deixar a essência e se consagrar em um elo de contradições, ebulições e colapsos invisíveis – e que, nas impossibilidades de suas matérias, se convergem em grandes revelações da auto-inconsciência do azul.
Não o recordo. Apenas o coloco nos instantes vazios em que o frio se comove com a dor e junta-se a ela para compor a música dos amantes da solidão.
Marcada, quem sabe, para sempre, movo-me na direção contrária ao que o sol predestinou nos livros mais profundos onde encontrei as letras da razão abandonada pela paixão.
Carrego-o com um pesar vagaroso, confundindo-me entre as linhas da realidade e as sombras do passado. Nego-o de fato, porém fico a seu lado como prova de um amor que surgiu na terra e dela se despediu para nunca mais voltar.
Eu fiquei e ele se foi, porém como estigma perfeito, me convém sublimar a força sutil deste elo e me convencer de que fui eu quem escreveu a frase que atravessa a rua e entrega a você o ponto final que nos faltou.