15:28Uma história nada exemplar

por Dirceu Pio

A mídia quase ignorou a concentração em frente ao Instituto Lula, marcada para o mesmo dia –17. 09 —dos protestos nacionais, convocados, mais uma vez, pelos movimentos Brasil Livre, Vem pra Rua e Revoltados Online e que reuniram multidões em toda parte, do Oiapoque ao Chuí. A piada é que havia na concentração petista 5 mil pessoas, segundo os organizadores; duas  mil  e quinhentas, segundo a Polícia Militar e apenas 5 pessoas, segundo o Datafolha.

Ironia à parte, não deve ser fácil para as lideranças do PT amargar esse quase ostracismo a que o partido foi relegado, inclusive no Nordeste, transformado recentemente em seu reduto eleitoral graças aos programas sociais do tipo Bolsa  Família; ruas e praças de cidades como Salvador, Recife, Fortaleza foram incendiadas pelos gritos de Fora Lula! Fora  Dilma ! e Viva o juiz Sérgio Moro! É a vingança do índio ! Ninguém vai conseguir enganar a todos por todo o tempo!

Hoje de volta à cadeia por envolvimento também na operação Lava Jato, Zé Dirceu mandava e desmandava no  PT em parceria com o poderoso chefão, Luiz Ignácio Lula da Silva. Nunca ninguém na República havia usado a tese maquiavélica—os fins justificam os meios—com o mesmo ardor de Zé Dirceu; encavalado no poder já no primeiro mandato de Lula, como chefe da Casa Civil da presidência da República, ele botava as manguinhas de fora—e que manguinhas ! Quando queria expelir alguém do governo, inventava dossiês falsos e abomináveis contra seus detratores. Agia tranquilamente. Atrás dele viria o PT promovendo benesses para o povo e seus pecados seriam perdoados.

Havia um Roberto Jeferson em seu caminho. Ele teve de ser apeado do poder de modo quase humilhante. Digo quase porque sua cara de pau impedia que víssemos o quanto foi humilhado. Ele continuou em marcha—marcha do mal—e  foi em frente; condenado pelo Mensalão, do qual foi o mentor, conseguia escapar da cadeia, dando o drible da vaca nas leis e na justiça; sua segunda prisão veio no bojo da Operação Lava Jato. Enquanto descansava, tirava boas casquinhas da Petrobras.

Aplaudido de pé nas convenções do partido mesmo proscrito do poder, Zé Dirceu manobrava, manobrava e manobrava; poucas pessoas encarnaram o espírito petista tão bem quanto ele; apareceu como intermediário da compra, pelo “empresário” Nelson  Tanure, da revista Isto É; o negócio não saiu, mas Zé Dirceu, por alguma razão que a própria razão desconhece, começou a mandar na revista mais que seu dono, Domingos Alzugaray. Eu estava nessa época assessorando, a pedido de amigos,  o vice-governador de Santa Catarina, Leonel Pavan, do PSDB.

Zé Dirceu havia escolhido Leonel Pavan, que na época ocupava um cargo importante na Executiva Nacional tucana, como o inimigo número um do PT, que naquele ano (2010) elegeu Dilma para o seu primeiro mandato; Pavan havia sido prefeito do Balneário Camboriu por três vezes e modernizou e saneou a cidade; construiu com isto a base que o levaria ao Senado e posteriormente a vice-governador na chapa vitoriosa de Luiz Henrique da Silveira (PMDB); havia um acordo pelo qual PMDB, PFL (Dem) e PSDB iriam apoiá-lo  para governador nas eleições de 2010.

 Estava tudo combinado: Luiz Henrique  renunciaria no começo de janeiro , o vice Pavan assumiria como governador e no tempo certo seria lançado candidato da coligação tripartite ao governo estadual; ele se esqueceu que o combinado com políticos é geralmente mais falso que uma nota de 12 dólares; Pavan foi acusado de haver aceitado 100 mil reais de uma distribuidora  de petróleo do Rio de Janeiro para impedir que sua licença catarinense fosse cassada pelo órgão fazendário por inadimplência tributária.

A licença foi cassada sem nenhuma influência de Pavan, que não trabalhou nem a favor e nem contra; mas isto não serviu para apaziguar a ira de quem queria vê-lo fora do páreo nas eleições que se aproximavam; Pavan levou bordoada de tudo quanto é lado; no fim de 2009 eu fui para Santa  Catarina para tentar salvar o pobre Pavan das labaredas do inferno. Quando o fogo estava quase extinto eis que entra em cena o grande ídolo do PT, Zé Dirceu. A revista que ele controlava publica duas páginas de pura bandalheira que Pavan havia “cometido” em sua passagem pelo Balneário Camboriu. Foi acusado até de falsificar dólares. Era tudo mentira deslavada, mas que importância isso tem, não é mesmo ?

 O incêndio contra Pavan recomeçou com intensidade maior do que havia começado. Luiz Henrique não renunciou em janeiro; foi renunciar meses depois, quando Leonel Pavan já estava quase transformado em cinzas. Assumiu o governo   só depois de haver  prometido, em discurso na convenção de seu partido, o PSDB, renunciar a suas pretensões de ser candidato ao cargo que já ocupava.

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5 ideias sobre “Uma história nada exemplar

  1. Sergio Silvestre

    Manifestação é uma coisa,passeatas é outra coisa e você pode se manifestar se amarrando numa Embaúba com a bunda de fora e um formigueiro fazendo cosca.
    Ou você pode organizar grandes manifestações de descontentes com as putas do ponto da via expressa ou para tirar do poder um governo eleito pela maioria.
    Quanto aos gatos pingados do PT,PSTU e outros partidos de esquerda eles estão ali nem sei por que,tanto que fui na passeata de domingo por curiosidade e é claro ver a cara dos probos que ele encabeçavam aqui em Londrina,tanto que morri de rir com o arrebatamento efêmero dos “PROBOS”
    Assim aglomerações,gastos de energia,queima de dinheiro e toda parafernália para dar algum golpe,e tão simples num domingo ficar em casa com a família assistindo o Londrina sapecar o juventude,em 2018 votem no BETO RICHA PARA PRESIDENTE HAHAHAHAHAHAHAHA

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