por Zé da Silva
Capricórnio
A janela está suja. O canteiro abaixo dela abriga plantas secas. Falta água. Ela está nos canos, mas cadê vontade? Alguma coisa indecifrável faz assim, tudo ficar pela metade ou se acabar, mesmo sabendo o que seria o certo. É como livros com algumas páginas lidas, largados e perdidos por aí. A Montanha Mágica, por exemplo. A desistência foi no sopé. Na verdade, não foi abandonado. Foi deixado de lado para não se sabe quando. Um dia, quem sabe, depois da morte. Tudo tem a hora certa é uma excelente desculpa. Ou não? A persiana erguida pela metade. O que seriam essas manchas? Uma mosca transita na transparência manchada do vidro. Vai ver que é o banheiro dela. Uma folha verde mostra que uma das plantinhas está viva na terra esturricada. Se eu cuspir nela vale como chuva? A luz do dia está indo embora. Que bom!