6:58Coronel alertou sobre ‘abuso’ antes de ação policial no Paraná

Da Folha.com, em reportagem de Estelita Hass Carazzai

Comandante inicial da operação que deixou quase 200 feridos num protesto contra o governo Beto Richa (PSDB), o coronel da Polícia Militar do Paraná Chehade Elias Geha alertou os superiores sobre o “flagrante abuso de autoridade” da ação e acabou afastado um dia antes do confronto, em abril.

Geha depôs ao Ministério Público do Estado sobre o episódio, no qual manifestantes, a maioria professores, foram alvos de balas de borracha.

Ele era um dos militares a cargo da operação, que pretendia impedir a invasão da Assembleia e permitir a votação do projeto que alterou a previdência dos servidores. A lei gerou uma economia bilionária ao governo, que enfrenta uma crise financeira.

Em mensagem de celular ao então subcomandante-geral da PM, Geha disse que impedir o acesso aos arredores do prédio criaria “um grave problema” para “a imagem do Estado, governo, PM e da segurança da Assembleia”.

“Não vejo como impedir o acesso de pessoas, caminhão de som, montagem de barracas. Nossa missão é garantir que a Assembleia não seja invadida e, caso ocorra, reintegrar a mesma. Outras providências caracterizam abuso de autoridade”, escreveu ele.

O plano das autoridades era impedir a circulação e manifestação de pessoas no entorno da Assembleia. O governo queria “blindar” o prédio, invadido no início do ano por manifestantes.

Geha se opôs ao plano. “Gostaria que reestudassem o que planejaram anteriormente”, escreveu no domingo, a três dias da operação.

Na segunda, Geha se reuniu com o então secretário de Segurança, Fernando Francischini, e com o comando da polícia e fez novos alertas.

Na terça, porém, após conduzir negociação para aproximar o carro de som dos manifestantes da Assembleia, Geha foi repreendido e destituído do comando da ação.

Para a Promotoria, a “abrupta e temerária” mudança no comando mostra que as autoridades estavam dispostas “a utilizar seu poderio militar para impedir qualquer manifestação democrática”.

Na semana passada, o órgão ingressou com ação de improbidade contra Richa, Francischini e quatro comandantes da operação, por violarem o direito à reunião e à livre manifestação.

OUTRO LADO

A PM informou que não iria comentar a troca de comando, pois investiga a operação num inquérito próprio, que deve ser concluído até o final do mês. Richa refuta as acusações. Geha não quis dar entrevista.

 

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Uma ideia sobre “Coronel alertou sobre ‘abuso’ antes de ação policial no Paraná

  1. Indignado

    Está aí um servidor público decente, responsável com seus deveres e, infelizmente, uma exceção de comportamento profissional, onde isso deveria ser a regra de conduta.
    Por termos uma falta crônica de servidores públicos da categoria do coronel que estamos com o maranhão do sul na presente situação. Aqui a regra é ser canalha, pilantra, ladrão, omisso, cínico, covarde…

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