Olhar para si próprio como alguém de fora é uma sensação saborosa; de poder? Em parte, sim, mas é também um prazer sensorial, estético e filosófico. O grande momento da minha vida foi quando percebi as possibilidades da imaginação. Foi como o macaco de 2001 ao descobrir o uso agressivo de uma ossada animal. Escritores me revelaram maneiras de ver, de entender, de formular questões de comportamento e o próprio ato de pensar. A metáfora de Platão sobre a caverna, onde pobres diabos se adaptam à sua condição sem sequer notar o mundo rico e variado às suas costas, é o princípio da alfabetização intelectual. É melhor do que cinema, o entretenimento favorito da minha geração. (Paulo Francis)