16:20Milícias ameaçam ‘Minha Casa, Minha Vida’ em 16 Estados

Da assessoria de imprensa do senador Randolfe Rodrigues

Randolfe Rodrigues levará ao Senado a história de terror que vivem milhares de brasileiros do ‘Minha Casa, Minha Vida’

O conforto do maior programa habitacional do país — o ‘Minha Casa, Minha Vida’ — está contaminado pelo terror e pela violência das milícias em 16 Estados brasileiros. O agravamento das ameaças levou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) a pedir nesta quarta-feira (10) uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal para ouvir as vítimas e autoridades do Ministério Público, do Ministério da Justiça e da Polícia Civil do Rio de Janeiro. No Estado aconteceram 10% das 164 denúncias no País que envolvem ameaças, invasões e até expulsão de moradores por homens armados de milícias e do tráfico de drogas.​            ​

“As milícias, que nasceram na década de 1970 nas favelas do Rio de Janeiro, agora estão se espalhando para outros 15 Estados brasileiros, aterrorizando as comunidades formadas pelo programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, que tem como meta a construção de 6,7 milhões de moradias beneficiando mais de 25 milhões de pessoas até o final de 2018”, justificou o senador Randolfe Rodrigues. “Estes números superlativos exigem providências urgentes das autoridades federais e estaduais”.

Expulso de casa​              ​

Na audiência pública, que deve ocorrer em Brasília em 2 de julho próximo, uma quinta-feira, o senador Randolfe Rodrigues irá apresentar ao país, pela primeira vez, o depoimento de uma vítima ameaçada de morte, com sua mulher e duas filhas. R.M., beneficiado pelo programa no ano passado, teve que fugir de sua casa em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, e perambula pelo país há 15 meses, jurado de morte pela milícia carioca. Sorteado com uma casa no programa federal, R.M. recebeu dias depois a visita de milicianos cobrando ‘segurança’ e fazendo ameaças. “No primeiro mês, era uma taxa de R$ 240. Passou para R$ 350 e chegou a R$ 560”, contou ele, sem se identificar, a um repórter do Fantástico, da Rede Globo.​              ​

Expulso de sua casa, o morador denunciou os milicianos para a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, que armou a ‘Operação Tentáculos’ que levou à prisão de 21 homens da maior milícia fluminense. Acabou aí a paz de R.M., que passou a ter a cabeça a prêmio por R$ 100 mil. “O dinheiro é para quem chegar comigo lá vivo. Se me matarem, basta levar a foto para o matador receber R$ 10 mil”, contou ele ao jornal O Globo.​              ​

R.M., a mulher e as filhas abandonaram o Serviço de Proteção à Testemunha da polícia fluminense, depois de algum tempo, por temor à sua segurança: “A gente sobrevive dia após dia, rodando o Brasil inteiro, fugindo da polícia e da milícia”. Percorrendo mais de 4 mil km pelo país, abrigado em 20 lugares diferentes, morando nas ruas, escondidos em hospitais e em igrejas da periferia, R.M. descreve seu inferno: “Nossas crianças não podem ir ao médico, nem à escola. Minha filha já não estuda. Se eu fizer a matrícula no colégio, depois de amanhã a milícia está lá. Já faz um ano que eu não durmo. Passo a noite acordado, olhando pela basculante…”.

Território do crime​               ​

No momento, R.M. e sua família se escondem na periferia de Brasília, sob a proteção de um padre, que também irá depor ante a Comissão de Direitos Humanos do Senado. Alem deles, o senador Randolfe Rodrigues está convidando para a audiência o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio, deputado Marcelo Freixo, autor da proposta da CPI das Milícias que, em 2008, investigou e indiciou mais de 200 pessoas no Rio de Janeiro — entre elas o deputado estadual Natalino Guimarães, eleito por uma das milícias que disputam o poder nas comunidades da periferia e nas favelas do Rio de Janeiro.​                 ​

No seu requerimento, o senador Randolfe Rodrigues cita um estudo de 2010 do Núcleo de Pesquisas da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), apontando o domínio das milícias sobre 41,5% das 1.006 favelas fluminenses. Outros 55,9% estavam sob controle do tráfico de drogas. O território teoricamente seguro pela presença das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) não passava de 2,6%.​                 ​

“A história de R.M. é a que vamos conhecer, publicamente, na audiência da Comissão do Senado. Não sabemos quanto milhares de outros R.M., integrados ao programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, estão vivendo as mesmas ameaças e o mesmo terror em outras partes do Brasil. É isso que vamos descobrir”, diz o senador Randolfe Rodrigues.

 

 

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