7:56Ninguém vai roubar nossa paixão pelo futebol

Seria, aliás, uma estupidez permitir aos corruptos que nos roubassem também o sentimento, algo que não permitimos nem aos ditadores nos anos 70. (Juca Kfouri)

Vocês querem futebol?

AINDA ALGUÉM quer futebol mesmo num domingo de Dérbi, em Itaquera, de Fla-Flu no Maracanã e de Inter x São Paulo, no Beira-Rio?

A resposta é sim.

Tanto é assim que se os três estádios não lotaram também vazios não ficaram.

Estaria o colunista tentando tapar o sol com a peneira e, numa atitude meramente corporativista, defendendo o indefensável porque é seu ganha-pão?

Não!

O colunista entende que haja quem não entenda como pode alguém ainda se interessar pelo jogo tão maltratado e desacreditado pelas Fifas, CBFs e federações pelo mundo afora.

Mas não entende que haja quem não entenda uma coisa chamada paixão.

Paixão que tantas vezes maltrata, que mais faz chorar que rir num país que tem sido incapaz de manter seus ídolos e que, faz tempo, é notícia pelos crimes da cartolagem ou por derrotas acachapantes como os 10 a 1 das finais da Copa do Mundo, em Belo Horizonte e em Brasília, ou do Cruzeiro atropelado pelo River Plate, também no Mineirão. Mas paixão!

O Dérbi, é verdade, empobrecido pelas ausências dos autores dos quatro gols mais importantes da recente história corintiana, porque a direção alvinegra, como é praxe, não soube cuidar nem do problemático Emerson nem do doce Guerrero. A troca do peruano pelo paraguaio Romero fala por si mesma.

Do outro lado o Palmeiras em crise, para variar.

No Rio, a maior atração, imagine, era a estreia de Cristóvão Borges como técnico do Flamengo depois de ter saído do Fluminense.

Já em Porto Alegre o Inter receberia, com seu time reserva, o São Paulo.

Está escrito acima, “mas paixão!”?

Pois repita-se: paixão.

Seria, aliás, uma estupidez permitir aos corruptos que nos roubassem também o sentimento, algo que não permitimos nem aos ditadores nos anos 70.

Por isso tinha torcida nos estádios e torcedor diante da TV.

Ninguém queria bacalhau, como oferecia o Velho Guerreiro Chacrinha, mas futebol. Teve?

Bem, aí já são outros 500.

Teve, e muito, no sábado, quando Lionel Messi nos deu um novo recital, à altura apenas daqueles que Pelé dava. E lembremos que o gênio argentino joga no Barcelona que foi presidido pelo quase presidiário Sandro Rosell.

Em Itaquera também teve, um pouco, num perfeito retrato do “moderno” (segundo Feldman, o secretário menor da Casa Bandida) futebol brasileiro.

Graças aos “jovens” Rafael Marques, 32 anos, Valdivia, 31 e Zé Roberto, 40.

Rafael Marques nasceu no Brasil, mas é turco naturalizado, assim como o chileno Valdivia é nascido na Venezuela. Eles dois, como Zé Roberto, sabem tratar a bola, razão pela qual a vitória no Dérbi foi fácil e natural, ainda mais porque, enfim, o Palmeiras não enfrentou um adversário apenas preocupado em não deixá-lo jogar.

Pena que o Palmeiras também não tenha se preocupado em golear, só administrar o 2 a 0 diante de 30 mil torcedores.

Mas vá falar de Marin, Nero, Blatter com um palmeirense hoje.

Melhor falar de Sanchez com um corintiano.

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