8:49O espetáculo

Não há mais descanso. Pelo menos para quem tenta acompanhar a chamada marcha dos acontecimentos. Os brasileiros com dois neurônios tentando juntar lé com cré vivem em estado de tensão permanente, alimentados pelo noticiário intermitente onde a corrupção, os assassinatos, a barbárie, enfim, parecem ser servidas como alimento para… para…. Para que, mesmo? Radicais de todos os lados procuram incendiar o circo para se aproveitar das cinzas. Não importa se as arquibancadas estão lotadas deste povo que entrou ali e paga a conta para ter um pouco de espetáculo alegre. A ninguenzada  transforma num bando de palhaços no termo mais pejorativo possível, enquanto o horror desfila em discursos, em acrobacias feitas em proveito próprio – e tudo transmitido sob o patrocínio de quem quer arrancar mais dinheiro dos bolsos quase vazios. Isso é relatado por marionetes que servem aos que verdadeiramente mandam, os do andar de cima, os que vivem em outros mundos, os que só se importam em escolher o local da próxima viagem ou a mudança da decoração da mansão. Imagina-se que deve ser bom olhar isso lá das alturas, sem se misturar, sem sentir o cheiro do povo, apenas dando ordens para que os lacaios dos poderes façam o que tem de se fazer, ou seja, manter a coisa como está porque sempre foi, é e vai continuar assim mesmo. Pior são os imbecis que entram neste espetáculo como inocentes úteis, estufam o peito e defendem a causa, como se fosse própria. Triste são os que vão atrás, fazendo cara de inteligentes porque, ora vejam, acham que são bem informados e ainda têm a pachorra de dizer que defendem os esfolados de semre. Bem disse o saudoso Fausto Wolff: dêem poder ao porteiro e vão ver como ele se transforma rapidamente em um ditador. O Brasil começou a acabar desde que nasceu. Agora cuida-se do enterro e a briga é para saber quem vai segurar a alça do caixão. Sim, sempre se espera o salvador para ressuscitar o morto, mas nem isso existe mais. O último que apareceu virou zumbi bêbado.

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