por Yuri Vasconcelos Silva
Raro hoje em dia um lugar que sirva feijão, arroz, farofa e bife encimado por ovo frito. Tudo virou alto e gourmet. Alta gastronomia. Gourmeterie. Costela gourmet do alto da glória. Algumas vezes transformadas em estados da matéria não usuais para comer, como propõe a gastronomia molecular. Ela vaporiza um bife e o coloca numa taça e o vinho é solidificado num filé. Tudo criativo e bem caro. Mas, pela quantidade de cursos de Chef e restaurantes alternativos por aqui, logo o feijão com arroz será tão raro que a citação “a simplicidade é o mais alto nível da sofisticação” será enfim compreendida e saboreada.
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A matemática e física também têm sua estética. Quanto mais abrangente for sua teoria e, na mesma medida, mais simples e menor possível a equação para testar sua validade, mais elegante ela será. Físicos quase se matam na busca da estética da simplicidade. William de Occam, no século XIV, postulava o que já era repetido por Aristóteles e outros filósofos. Entre muitas possíveis hipóteses para um mesmo fenômeno, corte as mais complicadas, pois as mais simples tendem a ser as mais corretas. Fascinante.
O arquiteto modernista alemão Mies van der Rohe declarou sua aversão pelos excessos sem sentido em sua replicada frase “Menos é mais”. Nota-se que até na frase ele foi elegante como seus projetos. Winston Churchill aconselhou sobre o ato de escrever: “Das palavras, as mais simples: das mais simples, a menor”. O princípio do beijo, ou Kiss: Keep it Simple, Stupid (deixe isso simples, idiota) é utilizado em cursos de engenharias, TI e MBA. Apesar de ser uma ideia velha e óbvia, poucos a adotam. A complexidade caótica parece ter uma atração insuperável.
*Yuri Vasconcelos Silva é arquiteto