21:15cinco minutos

de Desire Dacosta

 

(para Arthur José)

 

Não Zé, não é mais tempo

Bolas, bicicletas, pandorgas

Não somos os mesmos

E nada é igual.

Seu  Basílio, velho russo, já se foi.

E choje chicletes e supiros

São raros vestígios do sbor.

 

Não Zé, não é mais tempo

Pega ladrão na rua

“Maroteza” no quintal

Surra na bunda.

Hoje somos medo e solidão

Adolescência vazia e frágil

De um tempo veloz.

 

Não Zé, não é mais tempo

Domingo das matinês

Apito do trem

Banho de rio.

Hoje somos vício

Cigarros e vodka.

Hoje somos cinco minutos

Rapto no segundo

E ontem.

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