7:47A ressaca

Governo e deputados que o apoiam passaram o carnaval na ressaca da tunda que levaram na semana passada durante o espetáculo patético da não votação do pacotaço II (é bom não esquecer que o primeiro foi aprovado no final do ano passado e vai arder no bolso de toda a ninguenzada, aquela que não tem sindicato, aloprados para invadir plenário e parlamentares para bater o bumbo da indignação). O que vem por aí, de prático, é um mistério. A tática de apontar os responsáveis pela indigência das contas públicas já começou, como se os quatro anos do primeiro mandato de Beto Richa não tivessem acontecido e como se ninguém soubesse que a situação era preta. Se o antecessor, Roberto Requião, deixou a herança da esculhambação orçamentária, era preciso gritar isso no megafone e arrumar a casa na medida do possível. Fizeram? No ano da reeleição, jogando pedra no governo federal, o novo culpado, por conta da não liberação de empréstimos, o recado dado para a ninguenzada foi o do controle absoluto sobre a situação. Requião, candidato, gritou que o Paraná estava quebrado e ninguém gritou do outro lado que, sim, estava, quando ele deixou o Palácio Iguaçu – e que o doente tinha sido medicado e estava recuperado. A montanha de votos nem bem foi comemorada e o povão ficou sabendo, da pior maneira possível que, sim, o Paraná estava quebrado. Convocaram o homem do Serra que serra – e o novo secretário da Fazendo disse, com todas as letras, antes da posse, que o primeiro governo de Beto Richa, que o contratou, tinha feito tudo errado. Em vez de perder o cargo antes de assumir, ele mostrou a carta branca que recebeu e o sucesso do aumento dos impostos no primeiro teste na Assembleia deve ter entusiasmado os sábios Executivo. Tanto que foram mexer, sem luvas, na casa de maribondos do funcionalismo público, como bem explicou em charge da Gazeta do Povo o grande cartunista Paixão. Deu no que deu. O czar da Economia, Mauro Ribeiro Costa, talvez não tenha imaginado que na província as coisas não aconteçam conforme o script. O cofre do Estado continua vazio e as contas se acumulam. A onda de greves do funcionalismo tende a aumentar. Os deputados estaduais, aqueles que sempre rezam na cartilha do Poder Executivo, agora pensam nos próprios pescoço, mesmo porque protagonizaram a patetice de entrar no camburão e não conseguiram ligar o tratoraço conforme o combinado com o governo ao preço sabe-se lá do que. Quem poderia cair no samba com uma dor de cabeça dessas? Resta saber o que vai acontecer a partir de segunda-feira, quando de fato começa o ano – e com os mesmos problemas.

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