9:32A ninguenzada só quer entender

Juliano Breda, presidente da OAB/PR, publicou artigo hoje no jornal Gazeta do Povo cujo título é “A democracia traída” (ler a íntegra abaixo). O advogado poderia aproveitar o embalo para explicar ao distinto público se ainda é um dos defensores contratados pelos executivos da empreiteira OAS presos pela Polícia Federal na Operação Lava Jato sob suspeita de participarem do esquema de corrupção nas obras da Petrobras. Um dos seus assessores diretos disse ao signatário que não há nenhum mal nisso. Ok. Seria bom o próprio Breda explicar isso – e o espaço aqui está aberto para isso. É que a ninguenzada não entende situações como essa onde a mesma pessoa defende de um lado a honestidade e lisura dentro do processo democrático e é contra a corrupção, isso falando em nome de toda uma classe profissional, e do outro, atua na defesa gente denunciada e presa pela Justiça. A conferir. 

  • O Datafolha acaba de evidenciar o sentimento de desesperança que atualmente domina o cenário político pós-eleitoral brasileiro, com índices de insatisfação popular em relação à presidente Dilma similares aos momentos mais críticos do governo Collor. Os “pacotes de maldades” divulgados diariamente por União, estados e municípios, os escândalos de corrupção que inundam a pauta dos jornais, falta de água, racionamento de energia, salários atrasados e promessas de campanha esquecidas logo após o segundo turno compuseram essa equação que resulta nos números aferidos pelos institutos de pesquisas. Os brasileiros se sentem enganados.

O ano de 2015 projeta grandes tensões no ambiente político-econômico, tal como ocorreu com a impressionante derrota do governo federal na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados e especialmente as constantes demonstrações de inércia e incapacidade de solucionar a crise instalada. O que vimos nos últimos anos nos grandes centros do poder? O triunfo do patrimonialismo, a vitória do compadrio, a derrocada da ética, o enterro da honestidade, tudo sob a égide de uma política contaminada e controlada pelo poder econômico, muitas vezes alimentado e extorquido pelo próprio poder oficial, como forma de se autoperpetuar.

A intolerância popular com a classe política cresce exponencialmente a partir de uma série de causas comuns: a fraude dos compromissos eleitorais, a indignação diante da ineficiência dos serviços públicos, a proliferação endêmica dos cargos de comissão a povoar o Estado, a cínica negociação dos apoios políticos a partir de coligações partidárias fisiológicas, entre diversos outros fatores que usurpam a legitimidade da representação popular e comprometem seriamente a democracia.

É incompatível com o Estado Democrático de Direito a tentativa de cercear a liberdade de imprensa, os seguidos embustes eleitorais, com o engano como método, a mentira como estratégia, a corrupção como instrumento e a manutenção do poder como a única finalidade. Nesse passo, nos oferecem como a luz no fim do túnel a “reforma política”, necessária e inadiável, mas que se converteu em um mantra salvador de todos os nossos males, uma expressão coringa para encobrir as causas dos grandes e verdadeiros déficits democrático-republicanos do país.

A OAB/PR lançou uma frente ampla de debate da reforma política, exatamente para discutir com toda a sociedade as causas reais dessa crise e buscar as soluções, discutir os caminhos, pavimentar uma alameda que nos conduza à neorredemocratização do Brasil.

Existem diversos temas importantes a analisar. A extinção do financiamento privado das campanhas, o fim da reeleição, a adoção do voto facultativo, a proibição de coligações nas eleições proporcionais, e novos sistemas representativos, como o voto distrital e o voto por lista, entre outros exemplos.

O momento exige mobilização, exercício de cidadania, a fim de assegurar o que a Constituição do país nos prometeu. Uma sociedade democrática, justa, igualitária, sem preconceitos, governada por cidadãos que promovam o bem social e o desenvolvimento sustentável, homens e mulheres honrados, honestos e que cumpram a lei. É chegada a hora de finalmente o poder ser exercido em nome do povo brasileiro e de nenhum outro interesse econômico ou partidário.

Juliano Breda é presidente da OAB/PR.

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7 ideias sobre “A ninguenzada só quer entender

  1. Sergio Silvestre

    O Breda como advogado não tem que explicar nada até pela natureza da postagem que diz que ele defende um suspeito,não um condenado.
    Estranho mesmo e até pasmo ver o ZB eo Fabio Campana numa cruzada defendendo o GOVERNADOR.
    Credo gente, e depois ainda vão falar da ética do Breda,???????????

  2. João Domingos Cardoso Junior

    Sou advogado. Sou a favor da condenação de todos os envolvidos na Lava Jato. Sou a favor do impeachment da Dilma. Sou defensor da democracia.
    Ocorre que, além da democracia, existe uma premissa básica no nosso Estado Democrático de Direitos: TODOS TÊM DIREITO À UMA DEFESA TÉCNICA, ou seja, através de profissional habilitado para tanto.
    O fato do Presidente da OAB ser o defensor dos acusados não quer dizer, obrigatoriamente, que ele esteja comprometido com a roubalheira.
    A defesa da Democracia é obrigação de todos e, principalmente, daqueles que a tem como ônus.
    Como advogado posso defender até maníacos homicidas, o que não quer dizer que concorde com suas atitudes.
    A função do advogado é garantir que seu cliente tenha uma processo justo e legal. A condenação dos acusados é ônus do Ministério Público.

  3. Zé Beto Autor do post

    quem falou que ele está comprometido com a roubalheira, doutor advogado? ele é presidente da entidade no paraná e bem que poderia tirar uma licença do cargo enquanto defende os acusados, já que foi escolhido pela competência na área criminal. se o presidente nacional da entidade fosse defensor dos diretores da petrobras que estão revelando os crimes praticados, o senhor acha que ia acontecer o que com ele? receber elogios do país inteiro ? de qualquer forma, muito obrigado pela participação. os leitores deste blog esperam um artigo do dr. juliano breda explicando para nós, leigos, a situação. ou não. abraço. saúde.

  4. antonio

    Tambem concordo com o Blogueiro! A OAB/PR sob a presidencia do advogado Breda ainda nao se manifestou de forma contundente contra os desmandos da Presidenta Dilma e o caso Petrobras. Mas foi rápida em criticar o gov Beto. Nao apoio o Beto no que fez e esta fazendo com o servidores e professores,mas nao tem sentido transformar a aguerrida e respeitada OAB/PR em ambiente partidário. Seja de que lado for. Advogados defendem, sao defensores, e lutam pelo direito onde quer que esteja Então, cade a nota de repudio no caso Petrobras e Dilma? . Mas nao sao partidários institucionalmente, apesar de que o sejam individualmente.

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