12:21“Como explicar por que uma piada é respondida com assassinatos?’

por Helio de la Peña

O atentado me pegou de férias na Europa. Vim com minha mulher apresentar o velho mundo aos nossos filhos João e Antonio, 13 e 11 anos, e começamos na terça-feira (6), por Paris. Conversávamos sobre a Idade Média e um dos assuntos que lhes chamava a atenção era justamente a Inquisição e a perseguição sofrida por artistas e cientistas.

Saímos do Louvre e nos deparamos com a notícia. Em pleno século 21, humoristas foram fuzilados por trabalharem numa publicação que preza a liberdade e faz piada com qualquer assunto.

Como explicar aos garotos por que uma piada, ainda que audaciosa, é respondida com brutais assassinatos? Ficaram assustados, sobretudo pelo fato de o pai deles ser também humorista.

Nas ruas, milhares de pessoas indignadas com o atentado portavam cartazes, exemplares do jornal Charlie Hebdo e velas.

Manifestantes puxavam palavras de ordem, respondidas pela multidão: “On a pas peur!” (Não temos medo), “Liberté d’expression!” (Liberdade de expressão), “Liberté de crayon!” (Liberdade para o lápis).

A noite da quarta-feira (7) teve muitas sirenes de polícia. No dia seguinte, a rotina foi retomada, mas as vítimas eram lembradas em cartazes espalhados pela cidade: “Nous sommes tous Charlie” (Somos todos Charlie).

Muita gente, eu inclusive, correu às bancas, mas o Charlie Hebdo estava esgotado.

Aos humoristas do mundo inteiro fica a dúvida: até quando vamos literalmente morrer de rir?

*Helio de la Peña é humorista e um dos fundadores do grupo Casseta & Planeta

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Uma ideia sobre ““Como explicar por que uma piada é respondida com assassinatos?’

  1. Professor Xavier

    Existem ainda legiões e mais legiões de pessoas condenando a Igreja por causa das Cruzadas. Isto aconteceu há quase 10 séculos. Infelizmente hoje ainda existem saudosistas, gente que quer se vingar das Cruzadas, alguns inclusive me nome de uma nova cruzada, já estão cortando cabeças em nome de um deus vingativo, nos moldes do Antigo Testamento. Até quando vamos continuar com estas ideias de “acerto de contas histórico”?

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