por Zé da Silva

Sagitário

Durante o lanche do fim de tarde na família a visitante relatou o que ela e o marido tinham bebido durante a semana que passaram no apartamento da praia. Era algo que, talvez, um caminhão não pudesse transportar. Falou com gosto e brilho no olhar sobre a quantidade e variedade de bebidas que ingeriram. Depois contou que já fora detectado um problema no fígado e que o terapeuta havia dito que ela tinha ultrapassado os limites e, talvez, entrado no perigoso mundo do alcoolismo. Na família o pai tinha morrido jovem da doença. Ela, como todos, ainda tinha dúvidas – e disse que estava longe da sarjeta. Quem estava sentado bem na sua frente já vivera aquilo. Sobreviveu por milagre. Ele ouviu mais um pouco e quando a jovem disse a famosa frase de que conseguiria parar quando resolvesse isso, ele foi ao telefone e chamou a ambulância do serviço de remoções. Depois, ligou para uma clínica particular e informou que mais um paciente estava chegando. Era o presente de Natal e Ano Novo que estava tentando dar para aquela pessoa como provar de querer bem.