Do Chef Pão com Vina
O curitibano segue pela Rua Westphalen e quando passa na frente de um bar um garotão sentado na porta o interroga:
– O sr. paga uma pinga?
Olhou. Reparou que estava com boas roupas e uma fisionomia de classe média. O que chamou a atenção foi o olho avermelhado.
– Pago sim.
– Então o senhor entra comigo para pagar.
O dono do bar foi logo trazendo um copo na mão esquerda e uma garrafa da maldita na outra. Perguntou se seria uma dose de dois reais.
– Sim.
O garotão murmurou um “muito obrigado”.
– Não precisa agradecer, basta me desejar boa sorte – respondeu o curitibano que, curioso, iniciou um questionário.
– Quer comer uma coxinha?
– Não.
– Quantos anos você tem?
– 28.
– De onde você é?
– Da rua.
– Pera aí! Todo mundo vem de um lugar.
– Sou de Siqueira Campos.
– Mora em Curitiba?
– Estou numa pensão até segunda-feira.
– E depois?
– Não sei.
Depois de falar sobre a sinceridade do pedido, o curitibano sacou mais dois reais e colocou no bolso da camisa de grife do garotão e se despediu.
– Então tchau.
– Boa sorte para o senhor.
– Boa sorte para nós.