9:46A turma da capa preta na defesa do juiz trapalhão

Da Folhapress

Juiz que ganhou ação de agente da Lei Seca tem vitória contra jornal 

Depois de vencer em duas instâncias no processo que move contra a fiscal de trânsito Luciana Silva Tamburini, a quem deu voz de prisão por ela ter dito que ele “não é Deus”, o juiz João Carlos de Souza Correa obteve nova vitória na Justiça –desta vez contra o jornal “O Globo”. No caso de Tamburini, que mandou rebocar o carro do juiz que estava sem carteira de habilitação e com veículos sem placas, a indenização obtida foi de R$ 5.000 . Já o jornal “O Globo” foi condenado pela juíza Lindalva Soares Silva, da 11ª Vara Civel do Rio, a pagar R$ 18.000 por ter publicado em sua capa de 17 de fevereiro de 2011 que Correa dera voz de prisão a funcionários da empresa Ampla que foram à casa dele cortar o fornecimento de energia por falta de pagamento. O juiz pleiteava R$ 100.000.

Além do jornal, o processo condena solidariamente o autor da matéria, o jornalista Ronaldo Braga. Cabe recurso da decisão. O fato relatado pelo jornal em 2011 se referia a acontecimentos de 2006, e foram divulgados no contexto de outras confusões em que o juiz teve participação, como o uso irregular de giroscópio (sinalizador luminoso) no veículo que dirigia (em 2009), e desentendimentos com turistas em Búzios, onde Correa atuava (2011).

Segundo a juíza, o pedido foi acolhido porque a linguagem adotada pelo jornal na capa não havia sido adequada. A chamada de primeira página dizia: “Juiz dá calote e tenta prender cobrador”. “Não se discute o direito em informar fatos que envolvem o autor, juiz e, portanto mero servidor público, até mesmo porque seu nome esteve envolvido em situações polêmicas na Comarca de Armação de Búzios conforme vasta documentação carreada aos autos”, afirma a juiza Silva na decisão.

Ela prossegue, explicando o porquê da decisão em favor de Correa: “O dever de informar mesmo que para a imprensa seja verídico não pode ser transmitido com emprego de linguagem agressiva de ‘caloteiro’, até mesmo porque a palavra em nosso idioma tem sentido pejorativo e depreciativo”.

A assessoria de imprensa do jornal O Globo foi contatada para se manifestar sobre a condenação, mas não respondeu até às 20h desta segunda. O juiz Correa também foi contatado, mas também não retornou.

LEI SECA

A figura polêmica do juiz Correa voltou às páginas dos jornais após a condenação da agente Luciana Tamburini a indenizá-lo por danos morais, decisão mantida em segunda instância. A Tamburini abordou o magistrado em 12 de fevereiro de 2011 durante uma Operação da Lei Seca no Leblon, zona sul do Rio. Na ocasião, Tamburini verificou irregularidades tanto em relação à documentação do juiz, que conduzia o automóvel, quanto do próprio veículo. Quando ela ordenou que o carro fosse rebocado, Correa se identificou como magistrado. Tamburini interpretou o gesto como uma tentativa de “carteirada”, como se diz quando uma autoridade quer usar de sua influência para obter o privilégio deixar de cumprir algo que dos demais é exigido. Em resposta, a agente disse que ele era “juiz, mas não Deus”. Considerando-se insultado, o magistrado deu voz de prisão contra ela e o caso foi encaminhado para a 14ª Delegacia de Polícia, no Leblon. Tamburini se negou a ir à delegacia em veículo da Polícia Militar.

GUERRA JURÍDICA

No julgamento do recurso, a pena foi mantida porque houve o entendimento de que ela abusou do poder e ofendeu o réu e “a função que ele representa para a sociedade”. Na sexta-feira, a OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro) pediu o afastamento imediato de Correa. A petição foi remetida às corregedorias do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e do Tribunal de Justiça do Estado. Em resposta à iniciativa dos advogados, a AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) emitiu nota crítica à OAB: “É lamentável que a OAB tente explorar uma conduta isolada, que compõe um processo ainda em andamento na Justiça, para promover o linchamento moral dos magistrados, atitude que em nada contribui para o aprimoramento do Judiciário Brasileiro”.

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3 ideias sobre “A turma da capa preta na defesa do juiz trapalhão

  1. Oto Lindenbrock Neto

    Isso aconteceu porque todo jornalista é comunista e não acredita em Deus. No Brasil existe literalmente a “justiça divina”!

  2. Professor Xavier

    Este povo dono do Judiciário carioca está cutucando leão com vara curta, foram se meter com a Poderosa, agora não vai ficar pedra sobre pedra. A arrogância dos donos da Justiça carioca não tem mesmo limites, não só levam ao pé da letra o espírito de porco, muito comum a este gente da toga preta, como adoram exorbitar das suas atribuições. E porque até esta hora o CNJ não se posicionou? Está procedendo igualzinho a Ordem dos advogados cariocas, com medo destes capas pretas?

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