19:13Influenciável

Do blog Cabeça de Pedra

Era influenciável, ouviu alguém sentenciar. Era mesmo! Ficou com aquilo como uma sombra por dentro e por fora a lhe seguir na caminhada. Lia muito e cada herói escritor que lhe abria as portas através de uma biografia, era como se ele vivesse tal e qual. Por isso ao entrar na história de Chandler, Ray para os íntimos, viu o pai alcoólatra esgarçando o tecido da convivência com a mãe, as cenas de violência, as mudanças de estado, a ida para a Irlanda, depois para a Inglaterra, os estudos dos clássicos no colégio. E tudo isso sob o olhar de Marlowe, o detetive que o escritor criaria anos mais tarde e se tornaria Humphrey Bogart para sempre no cinema. O álcool também entrou na vida dele, como na do seu ídolo. O álcool também fazia parte da vida do pai, como na do pai do mestre do romance policial. Só não houve a violência, não houve Estados Unidos, Europa, colégios onde o mundo abria as portas. Era brasileiro. Misturou tudo, influenciável que era – e se salvou, criando o próprio personagem.

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