10:13Corrupção, eleições e o fim da história

por Cristovão Tezza

Eleições não se decidem por um único fator. Mas é interessante observar como, no Brasil, a corrupção não parece um dado de relevância na decisão do voto. O governo vem protagonizando o maior escândalo de corrupção da história do país, justo em torno da Petrobras, a menina dos olhos do projeto de Estado do PT. E, no entanto, a candidata Dilma prossegue firme com quase metade dos votos válidos, segundo as pesquisas. Uma parte dessa irrelevância funcional se deve à força da propaganda; é possível que a notícia de que, por exemplo, Aécio dirigiu com carteira vencida tenha mais impacto e provoque mais perda de votos do que a descoberta de que diretores da Petrobras passaram uma década desviando milhões de dólares da estatal.

Há vários motivos para esta indiferença, desde o “sempre foi assim”, com um muxoxo de indiferença diante do dinheiro abstrato, até a teoria conspiratória universal, o bombril argumentativo (“é tudo armação da Globo, dos imperialistas e dos banqueiros internacionais”). E outro tanto por eficácia publicitária: a oposição até há pouco demonstrava timidez retórica, um certo pudor em bater, talvez temendo um efeito reverso, assustada com a violência da publicidade do governo, cujo porrete não conhece fronteira, como bem soube Marina.

Mas há outro núcleo resistente de votos, de natureza ideológica, que está na alma de todos os movimentos chamados tecnicamente de “esquerda” (ainda que essa distinção hoje não faça mais sentido), desde que Marx conclamou os proletários a se unirem – a ideia de que o “partido” detém a chave da história, o que lhe daria uma automática superioridade moral. Transferindo o imaginário religioso cristão para a vida prática na Terra, a esquerda promete a redenção final, quando a história chegará ao fim. Dessa forma, a política é o meio de se acabar com a política, que deixa de ser a arte e a cultura de escolher o futuro e administrar diferenças para se tornar uma criação “burguesa” que deve ser esmagada.

Neste imaginário, de raiz emocional para grande parte de militantes sinceros, a derrota de Dilma seria um “retrocesso”, uma pedra no caminho científico do Paraíso, interrompendo a “marcha da história”. O fato de que seu governo foi quase sempre constrangedoramente inepto e, ele sim, representou um profundo retrocesso passa a ser irrelevante. Para o milenarista, o “aqui e agora” não existe, é uma bobagem descartável, diante da futura e inexorável Terra da Promissão, aqui no Brasil com o profeta Lula carregando a bandeira à frente.

Décadas atrás, o liberal americano Francis Fukuyama considerou que, com a democracia representativa capitalista, havíamos chegado ao “fim da história” e foi, com justiça, massacrado pela esquerda. Mas era apenas uma briga pelos direitos autorais do conceito. Para a esquerda, o seu triunfo é que seria o verdadeiro “fim da história”.

*Publicado no jornal Gazeta do Povo

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19 ideias sobre “Corrupção, eleições e o fim da história

  1. toledo

    Eu fico entusiasmado com o que escreveu esse canônico cidadão. Quando ele compra sapatos ele dispensa o do pé esquerdo.

  2. Fausto Thomaz

    discutir com PTista é como jogar xadrez com um pombo….ele derruba as peças, caga no tabuleiro e sai de peito estufado achando que é o dono do pedaço….esse é vc toledo, um grande pé no saco.

  3. bichon frisé

    É assustador. Metade da população brasileira se dispõe a votar em um partido notoriamente corrupto sem dar a menor pelota para o maior assalto perpetrado na história do Brasil.

  4. leandro

    Os pombos aqui onde moro são muito mais, educados, inteligentes, e associados ao COLUMBÓFILOS e outros que são adeptos ao PTombo e chamam nós de Curitiba de bobocas vivem por aí orbitando a procura de cargos e de uma raspa qualquer que venha sobrar dos esquemas tipo PTrobrás e similares.

  5. toledo

    Silvestre, toda essa galera que fica rosnando, vai de 13 mas escondido, os curitibocas são muito conservadores. Eles guardam a soberba no freezer.

  6. pereira

    Com todo o respeito a todos os que aqui se manifestam, penso que, entre as várias razões para os doze anos de poder do PT, uma explicação pode ser a seguinte:

    Os eleitores, assim como os profissionais e as pessoas em geral, tomam as decisões e fazem suas escolhas eleitorais tendo como vetor a Pirâmide ou Hierarquia das Necessidades de Maslow. Sem querer ser pedante ou acadêmico demais num espaço destinado a ser objetivo, penso que grande parte do eleitorado vota, inicialmente, apenas de acordo, e tão somente com a sua situação pessoal.

    Se pessoa já está um pouco melhor econômica e financeiramente, passa a considerar outros aspectos, menos pessoais e mais sociais e coletivos. Porém, se ela estiver na base da pirâmide (isso é lamentável, mas não desabonador), e grande parte está ali, vai votar na manutenção e ampliação de programas sociais, como o Bolsa-Família, Vale Cultura, Minha Casa – Minha Vida etc.

    Por mais que a gente se sinta tentado a traduzir esse comportamento como sendo de alguém desinformado, atrasado, despolitizado, massa de manobra etc., é preciso entender, aceitar e respeitar como funciona a decisão das pessoas e dos eleitores. Se a região é pouco desenvolvida, tem poucos empregos e/ou é muito dependente de políticas públicas, temos que trabalhar para que haja avanços e se crie condições efetivas para o eleitor exercer plenamente a sua cidadania e passar a votar considerando outras questões, que não apenas aquelas da sobrevivência do dia a dia. Mas, enquanto essa mudança não ocorre, temos que ser realistas. Não adianta criticar e achar que as políticas sociais são assistencialistas, devem ser banidas etc.

    Quem tem barriga vazia, não se deixa atrair por promessas de cidadania, democracia, de melhorar o desenvolvimento em geral, de estradas asfaltadas, de rigor nas contas públicas, de corrupção na Petrobrás, de inflação mencionada superficialmente, de educação e saúde citadas genericamente. Não estou dizendo que, neste caso, o eleitor é alienado. Acho que ele prioriza as suas necessidades e, além disso, pode achar que determinadas práticas públicas reprováveis são comuns a todos os partidos políticos.

    O eleitor quer antes de mais nada, saber de coisas reais e isso os programas de bolsas e similares passam credibilidade, pois não são um oásis no meio da miséria, são de verdade e acessíveis. Além de casa e comida, que os programas já atendem, campanhas baseadas no restante (educação, saúde, emprego) só sensibilizam o eleitor se for mencionado algo muito próximo a ele, alguma coisa que vai ser feita na rua dele, no bairro dele; então ele talvez acredite.

    Não há nada de errado nesses comportamentos. Neste momento, considerando-se tendência e o viés de crescimento a poucos dias da eleição, a possibilidade de reeleição da presidente é algo bem concreto. A presidente tem eleitores em todos os segmentos socioeconômicos, ou seja, nos vários níveis da Pirâmide de Maslow. E também em todas as regiões e estados. Se ela vence no Nordeste com grande vantagem, não vejo razões para críticas e nem para desmerecer o eleitorado daquela região. Ainda que possa haver uma relação direta entre votos e quantidade de bolsas/programas sociais, o eleitor mais carente não vota com a cabeça nas nuvens, ele vota com os pés no chão.

    Não sou eleitor do PT e nem da presidente Dilma, mas ainda que possa ter uma visão simplista, é assim que entendo o que está acontecendo.

    Obrigado.

  7. Fausto Thomaz

    Resumindo Pereira….esse eh o voto de cabresto que PT pratica….eh a mesma coisa que alguns faziam antigamente trocando dentadura e chinelo de dedo por voto…não vejo diferença, pagamos a conta do mesmo jeito e vamos ter que aceitar isso mais 4 anos? O Aécio vai ser diferente? Não vai roubar? duvido que não, mas uma mudança no chefe da quadrilha de vez em quando acho que faz parte da “democracia”

  8. toledo

    Pereira, muito bom seu comentário. Eu sou 13 , o Silvestre e 13 e agora você meio encabulado mas é 13 também. Toma cuidado com uns curitibocas ( Leandro,Jar, Curitibano Roxo, Professor Xavier, Tanso e outros) que transitam por aqui. Esse pessoal gosta de frequentar o Clube Curtibano , ler a coluna do Bessa na Gazeta e para eles Programas Sociais, e fazer churrasco para os amigos. Mas vai firme que a gente segura.

  9. m.n

    A roubalheira na Petrobras foi denunciada há quase 20 anos por Paulo Francis, o que lhe rendeu um processo. Mas a miopia histórica é tão grande, ou talvez seja cinismo e oportunismo, que falam dela como se fosse um de agora somente. Certo está o Xico Sá, que desde os 18 anos trabalha na imprensa burguesa, aquela que faz vista grossa para a quadrilha do PSDB. O PT não deve ser inocentado, mas é preciso enquadrar os outros quadrilheiros.

  10. m.n

    Parece que o autor do texto precisa se informar. O “pequeno” pecado do Aécio não foi só dirigir com carteira vencida e chapado. Quem constrói aeroporto no terreno da família com dinheiro público, e entrega a chave para o tio, não tem muita moral para falar do roubo dos outros.

  11. ja

    A propósito de um dos comentários, vou mesmo fazer um baita jantar lá no salão rosa do Curitibano. Preciso de dois sujeitos para coletar olixo de a5 em a5 minutos, como o pessoal daqui não sabe fazer isso e não queremos sujar as mãos, quem sabe o Silvestre e o Toledo poderiam ganhar uma gorjeta com o pessoal melhor de vida. Se interessar ´sábado as 20 horas na entrada de serviço do clube, na rua Petit Carneiro no mesmo acesso do ginásio. Mas Toledo e Silvestre se vocês forem por favor, vão limpinhos tá., roupas nós fornecemos e depois podem ficar com elas, o pessoal não gosta de sujeira mesmo depois da festa.

  12. toledo

    Companheiro Pereira, você teve uma rápida ideia de como são os curitibocas. Os mais antigos como o Leandro, gostavam de ler o Dino Almeida, os mais novos leem o Bessa na Gazetumba. Eles gostam do salão azul do Clube Curitibano e de cachorro quente com duas vinas. Mas acostume, essa turma da direita é assim mesmo, são falsos, arrogantes, bestinhas e narcisos. Aguente !!!

  13. sergio silvestre

    Estaremos ai com prazer para juntar o lixo biodegradável e aceito pelo meio ambiente.mas o lixo com ternos de cortes caros e vestidos longos feitos por costureiros famosos,este usamos as embalagens para depositar bosta e que são levadas para incinerar.

  14. leandro

    Cuidado vocês também vão se queimar, parecem chopim, sabem aqueles que viram bosta, mas não do verbo olhar es im de se transformarem em dejetos.

  15. CURITIBANO ROXO

    Ja, o padrão deles é de comensais na estrebaria do requião ou no chiqueirão do lulla,.

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