por Ayrton Baptista Junior, o Tusquinha

A renovação da política paranaense é um jabá de farmácia. Ontem no debate da RPC TV entre os candidatos a governador, Geonísio Marinho (PRTB), alardeou o sucesso dele como “criador da primeira rede de farmácias independente do Brasil”. Porém, Geonísio ignorou o remédio contra a homofobia do presidenciável Levy Fidelix (também do PRTB!) que anda escandalizado com o que vê na Avenida Paulista.

Não é só na Paulista, Fidelix? Eis Beto Richa (PSDB) falando sobre Roberto Requião (PMDB): “Ele me chama de bonito. Será que está querendo algo?”

Até domingo, convém medir as palavras. E se é para medir, Beto espera “que a Gleisi Hoffmann (PT) não me meça por sua régua”. A régua pode causar outro debate. Beto dirá que é obra do Paraná Educação. Gleisi vai lembrar que a régua é brinde do Minha Casa, Minha Vida (aquele tradicional programa do Baú da Felicidade) e Requião, em outra emenda, vai acusar Beto de ter construído apenas 17 centímetros de régua e “não os 250 quilômetros de estrada que aparece na propaganda do atual governo”.

Beto sofreu ataque de todos os lados, mas irritado mesmo ficou Bernardo Pilotto (Psol): “Beto me chamou de moleque, me ofendeu”. Pô, Bernardo! Por que não rebateu chamando-o de neoliberal?”. Pilotto também perdeu a paciência com a RPC porque não ganhou direito de resposta: “Tive vontade de chamar os jornalistas de Globo de ‘moleques’ ”. Um ‘Cala a boca, Galvão’ cairia bem, candidato.

A pitada polêmica veio de Roberto Requião, que colocou a mãe (do Beto) no meio ao acusá-la de não formalizar um segundo casamento para não perder as mamatas de viúva de ex-governador. Notou-se, então, a ausência de Cristina Rocha, a apresentadora do Casos de Família, do SBT.

Por falar em mamãe, Gleisi pediu para “cuidar do povo paranaense” e prometeu criar o PAC Paraná. PAC? Mas por que o Corinthians precisa de um estádio aqui? Não serve o Itaquerão?

Além da farmácia de Geonísio, outra novidade foi uma bolsada de Ogier Buchi (PRP) ao criticar Requião, que disse usar a aposentadoria de ex-governador para os processos movidos pelos opositores. “Esta aposentadoria que o senhor recebe para pagar indenizações é uma Bolsa Insulto”, falou Ogier, antes de lamentar a falta de propostas dos candidatos. Proposta? É de comer, de vestir ou de calçar?

Ficou a pergunta: quem ganhou o debate? Beto Richa perdeu um ótimo argumento para definir a eleição sem segundo turno. “Vote em mim agora para não ser vítima de outro debate”, seria a deixa ideal.

Creio que os vencedores foram os alunos da rede pública de ensino porque, segundo Roberto Requião, os televisores das escolas estão estragados. Sendo assim, os estudantes não viram Tulio Bandeira (PTC) se apresentar como o único candidato do interior. Então, Bandeira ficou com o título de campeão do interior, por WO, após ameaçar Cristiano Ronaldo no espelho. Feito o craque português, Tulio tinha um olho no campo e outro no monitor ao lado. A diferença que o jogador alisa o cabelo.

No último ataque, Requião falou que Beto Richa, no governo do estado, trocou morangos por azeitonas e eu lembrei de Morangos Silvestres, de Ingmar Bergman. Neste clássico do cinema, o protagonista volta no tempo, feito o próprio Requião que, sem rancor, citou Jaime Lerner “que trouxe a Renault”. Eu ouvi isto? Requião falou de Lerner sem jogar azeitona?

No final, o mediador Sandro Dalpicolo ameaçou o público: “Agora, os candidatos fazem as suas considerações finais e pedem o seu voto”. Mais esta… Depois de tudo, ainda pedem o meu voto, que vai para o insuperável Geonísio Marinho, que encerrou a noite: “Quando olhar a foto na urna, não veja a imagem do Geonísio, mas a sua foto”. Só uma dúvida, candidato: a eleição para o Conselho Regional de Farmácia também será no dia 5?