por Célio Heitor Guimarães

Responda, precavido leitor: você compraria um carro usado do senhor Paulo Roberto Costa? Sabe o Paulo Roberto, aquele ex-diretor de abastecimento da Petrobrás durante os governos dos companheiros Lula e Dilma e que, em vez de abastecer a petroleira, abasteceu as suas próprias contas na Suíça, as empresas da família e um bando de patifes da vida pública/política nacional?

Pois é, o senhor Paulo Roberto, que se encontra recolhido “aos costumes” em uma cela da Polícia Federal, em Curitiba, desde março passado, e que não mais merecia crédito de ninguém, recusava-se a falar, mas dizia que, se abrisse a boca, não haveria eleições este ano, de repente, ressurgiu em cena e deitou falação. Prestando longos depoimentos aos federais, houve por bem denunciar a cambada que recebeu o mimo de 3% do valor dos contratos firmados pela estatal Petrobras. Na primeira listagem incluiu seis senadores, 25 deputados federais, três governadores e um ministro de Estado. A revista Veja trouxe a notícia e o Brasil alvoroçou-se. Algumas pessoas estremeceram de pavor; outras, de curiosidade; e a grande maioria, de raiva e indignação.

Como aprendi com meus amigos mineiros a ser desconfiado, estranhei que o bandido tenha decidido fazer a delação só agora, bem às vésperas das eleições. E uma dúvida formou-se em minha mente: estará ele denunciando todos os membros da quadrilha ou apenas aquelas figurinhas já carimbadas, que nem surpresa causam mais à plateia nacional?

A estranheza se deve, particularmente, ao fato de Costa haver citado entre os agraciados com a propina o ex-governador de Pernambuco e ex-candidado à presidência da República Eduardo Campos, já falecido e sem possibilidade de defesa. Campos não está mais no páreo eleitoral, mas a candidata que o substituiu e representa a sigla do falecido, a ex-vice Marina Silva, dispara nas pesquisas de intenções de voto e é tida em todas as avaliações como virtual vencedora em um possível segundo turno disputado com a atual “presidenta”. Isso não é significativo?

Já a dúvida parte do velho provérbio “vão-se os anéis, mas preserva-se os dedos”. Ou seja: não estará o neo-alcaguete entregando gente de mediana expressão para impedir que a investigação da Polícia Federal e do Ministério Público chegue aonde não deve?! E tudo isso faça parte de um bem elaborado plano de desvia atenção e poupa os chefões?

Teoria da conspiração?! Pode até ser. Mas neste país e neste status quo, como dizem os bacharéis, tudo é possível. E como é!

Paulo Roberto, por exemplo, segundo Veja, teria dito que o ex Luiz Inácio sabia do esquema. “Por várias vezes, tratei diretamente com o presidente Lula” – teria dedurado. E com a “presidenta”, aquela que presidia o Conselho da Petrobras quando do golpe da petroleira texana de Pasadena, também usado para “abastecer” partidos aliados?

Aguardemos os próximos capítulos dessa palpitante novela. E que, no final, todos vão fazer companhia a Zé Dirceu na Papuda.