por Ivan Schmidt
O Brasil perdeu um dos homens públicos mais importantes e promissores da atualidade, o ex-governador pernambucano Eduardo Campos, que aos 48 anos de idade se preparava para encarar o maior desafio de sua ascendente carreira: a presidência da República.
Neto do lendário Miguel Arraes, também governador de Pernambuco na época do golpe de 64, Eduardo nasceu em 1965 e deve ter crescido e pensado as primeiras coisas da política longe do avô, exilado na Argélia onde permaneceu por 16 anos.
A vocação política, que seria uma consequência natural, tendo em vista a ascendência familiar, despertou ainda na juventude com a conquista dos mandatos de deputado estadual e federal. Líder do PSB, um dos partidos apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Eduardo foi convidado para o cargo de ministro da Ciência e Tecnologia, do qual saiu para candidatar-se ao governo de Pernambuco em dois mandatos, deixando o cargo com a aprovação de 92% da população.
A morte precoce de Eduardo Campos, homem que pensava a política com a visão do compromisso com o novo e, sobretudo, de um País melhor para todos, com a volta do crescimento econômico e a distribuição equilibrada da renda, empobrece ainda mais um cenário extremamente pauperizado pelo desfile de figuras menores que enfeiam a paisagem.
Eduardo, assim como tantos outros que se aventurariam na política, viu o golpe ruir ao completar a maioridade e como todo jovem interessado em política deve ter acompanhado as atividades da Assembleia Nacional Constituinte, a campanha das Diretas Já e a formação da frente partidária que garantiu a eleição de Tancredo Neves no colégio eleitoral, entre outros eventos, como a volta do exílio de Arraes, Brizola e os demais.
Um aspecto curioso, que não pode ser desprezado, é que nesse período de 50 anos de intensa movimentação política no Brasil, surgiriam pouquíssimos políticos com a legítima inclinação para a vida pública, dentre eles, o neto de Miguel Arraes. A contrapartida, no entanto, é abundante.
Enquanto podemos contar uns poucos da estirpe de Eduardo, político que morreu cheio de sonhos e ideais, como revelou a companheira de chapa Marina Silva (que decerto assumirá a candidatura), há uma lista interminável de figuras surgidas mais ou menos nesse mesmo lapso de tempo, cujo maior contributo foi borrar e enxovalhar ainda mais a atividade política.
Um dos irmãos de Eduardo, em emocionado depoimento, disse que o triste episódio deveria servir para a nacionalidade como estímulo a uma reflexão profunda sobre a situação do País.
Nada mais urgente, de vez que a mesma é extremamente grave sob todos os pontos de vista, com um governo visivelmente inerte diante da paralisação do crescimento econômico, a volta do desemprego e da inflação, efeitos imediatos e desastrosos da falta de rumo na gestão pública.
Sem dúvida, o Brasil ficou mais pobre.