22:10Para além das bombas

por Janio de Freitas

Assim como a mortandade humana e a destruição material da faixa de Gaza trazem à lembrança o encoberto projeto de construção de um Grande Israel, este plano estratégico de expansionismo conduz à lembrança de uma proposta que, também recebida com inquietação na Europa há uns 30 anos, foi então posta pela ultradireita em Israel sob bem cuidado silêncio. Sem que por isso se deva supô-la desativada.

A dedução de que jamais haverá paz entre Israel e os palestinos não é nova, apenas volta a recrudescer.

Entre as várias ocasiões semelhantes à atual, surgiu do lado israelense a tese de que a solução não poderia vir de dois Estados, Israel e Palestina, mas de outra forma institucional de separação: o deslocamento de toda a população palestina para os vizinhos Jordânia e Egito.

Ambos países árabes, o primeiro já com grandes acampamentos de palestinos expulsos de sua terra; o segundo, ex-controlador da faixa de Gaza, que Israel tomou na Guerra dos Seis Dias.

Nenhuma das partes diretamente envolvidas aceitou a ideia israelense, que foi incapaz, também, de encontrar apoio na Europa, na ONU e em proporção razoável nos Estados Unidos. Abstraídos os motivos mais gritantes da recusa -os ônus para os palestinos, a Jordânia, o Egito e para o financiamento-, o que restaria da tese era algo que o debate evitou considerar, apesar de óbvio: os territórios da Cisjordânia e da faixa de Gaza estariam livres para a anexação pelo Estado de Israel para dar início ao Grande Israel (se grandeza já satisfatória ou não, é indagação em aberto).

A faixa de Gaza é devastada, reconstrói-se em parte, é devastada outra vez, reconstrói-se de novo, volta a ser devastada, e assim vive e morre. Um processo que não cansa os vitoriosos. E aos massacrados? E aos que a tudo testemunham, com algum enjoo, desde suas superioridades europeias e da sua culpa americana de alimentadores dos massacres com suas armas, seus lucros e sua hipocrisia?

O que os governos da ultradireita fazem passar-se entre Israel e Palestina não é o massacre pelo massacre.

MAIS ERRO

Aécio Neves reconheceu o primeiro erro com um autoelogio: “Cometi o erro de ver a obra [a construção do aeródromo em Cláudio] com os olhos da comunidade local e não da forma como a sociedade a veria”.
Depois, Aécio Neves reconheceu o segundo erro, como se nada significasse: “Pousei lá umas quatro vezes, errei porque não sabia da falta da homologação”.

Mas há o terceiro erro, este com uma adulteração: “Errei, mas é preciso que a Anac trabalhe. A pista está há três anos sem homologação”. Ou seja, o governo federal é o culpado, por inépcia da Agência Nacional de Aviação Civil. Aécio Neves não teve coragem de dizer que a homologação está pendente de militares, do comando da Aeronáutica, como informado pela Anac.

NEM TUDO

A primeira expectativa da disputa pela Presidência está desfeita: o Ibope consolidou a evidência, antes apontada pelo Datafolha, de que a adesão de Marina Silva não carreou o apoio eleitoral automático previsto por Eduardo Campos. Exceto em Pernambuco, onde, aliás, o ex-governador perde para Dilma Rousseff, em todos os maiores eleitorados o apoio eleitoral a Eduardo é ao trabalho de campanha já feito, e nada mais.

É preciso considerar, porém, que Marina Silva ainda está pouco atuante em áreas onde tem bom potencial, como o Sudeste. Quanto a Dilma e Aécio, também em São Paulo os seus 35% e 15% aguardam as contribuições de Lula, quando entre na campanha paulista, e de Geraldo Alckmin, quando acelere a sua levando o senador mineiro a tiracolo.

E, o mais importante, falta pouco para o horário de TV começar a estabelecer muitas verdades eleitorais. Embora não todas.

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