23:10A Rua dos Cataventos

de Mario Quintana

Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.

Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arrancar a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!

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Uma ideia sobre “A Rua dos Cataventos

  1. sergio silvestre

    Poetas tem seus momentos de candura e seus momentos de aflição.
    Suas obras saem de acordo com o momento em que sua imaginação está focada,com poesias de lirios ,cravos e rosas,ou quando os demônios afloram em sua imaginação.Adoro poetas polivalentes.

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