18:39Multidões

Do blog Cabeça de Pedra

O Cantor das Multidões saiu do pequeno auditório e foi até a sacada do prédio que abrigava a rádio. Havia milhares de pessoas em todas as direções que olhava. Ele ergueu a mão direita espalmada e o silêncio se fez. Então cantou sem acompanhamento ou microfone. Sua voz era ouvida até por quem não conseguia distinguir aquela figura muito alinhada, gravata com nó perfeito e sapatos brilhantes que escondiam seu grande problema. Carinhoso já era um hino nacional – por isso foi cantada em tom suave por todas as vozes – e a cidade inteira a ouviu. O slogan da rádio viajou no tempo. Foi naquela sacada, o saudosista pensou, enquanto ouvia o barulho infernal do trânsito na esquina e via o prédio abandonado até a parte da loja de eletrodomésticos que se abria para a calçada. Lá de dentro vinha um som que poderia ser breganejo, funk, axé ou alguma coisa da moda atual. Ele enfiou as mãos nos bolsos e saiu cantarolando meu coração, não sei por que, bate feliz, quando te vê…

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