10:08De Nero a bombeiro

Do analista dos Planaltos

O senador Roberto Requião (PMDB) ficou preocupado com a repercussão da já famosa entrevista a Rádio Rádio Municipal FM 92.5 em Quedas do Iguaçu na manhã do dia 16 de julho. De noite o MST invadiu um reflorestamento da Araupel.

Acusado de ser responsável por estimular a invasão, Requião ficou com receio de ter prejuízos políticos (a Araupel dá 1.050 empregos e garante o sustento de 10 mil pessoas na cidade com empregos indiretos e é fundamental para a economia da cidade). O senador produziu nota oficial ameaçando os que o criticaram com processos e fazendo uma releitura do que disse na entrevista.

“Na quarta-feira, 16 de julho, em entrevista à Rádio Municipal de Quedas do Iguaçu, o senador Roberto Requião  afirmou que, acima de tudo, o episódio não deveria prejudicar o emprego dos trabalhadores da empresa. As pessoas não podem ter liquidados seus empregos de uma hora para outra, isso não pode acontecer”, diz a nota do senador.

Requião esquece ter dito que o que o preocupava mesmo era a suposta ilegalidade da posse da terra pela Araupel. Chegou a produzir uma comparação bizarra entre a empresa e o narcotráfico: “As pessoas não podem vir com está conversa que geram empregos, se fosse assim o tráfico de drogas teria que ser legal, pois gera mais de 100 mil empregos neste país”.

Na nota oficial Requião afirma ter defendido o diálogo: “Na seqüência, o senador fez um  apelo ao diálogo. As menções a diálogo sempre foram entremeadas de afirmações que deixavam claro que considerava legítima a posição do MST que planejava a invasão da Araupel, que, segundo o senador poderia ser classificada como uma empresa invasora e expropriadora de terras públicas. 

O senador sugeriu que a solução do caso “É um assunto delicado e o Estado tem condições de resolver o problema”. A solução seria o Estado expropriar a terra, assumir a empresa, e garantir os empregos formando mais uma estatal.

Essa “solução” já foi tentada em 2003, quando Requião era governador, e levou uma parte da Araupel a ser desapropriada pelo governo federal, o que rendeu uma formidável lambança. Quatro dirigentes do Incra, inclusive o então presidente do Instituto, Rolf Hackbart, foram acusados pelo TCU de superfaturar a avaliação das benfeitorias da propriedade área em 455%.

A transformação de parte da empresa em assentamento teve outro resultado previsível. Em lugar de gerar empregos e recolher tributos, a área passou a abrigar assentados que dependem da ajuda do estado para sobreviver. Requião sinaliza que essa política “progressista”, que hostiliza o agronegócio e estimula a agricultura de sobrevivência, pretende voltar.

A nota oficial é outro indicativo. Apesar de cultivar a fama de doido, sabe simular um recuo quando percebe que foi longe demais. Não se avexa de passar de Nero a bombeiro em questão de minutos.

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8 ideias sobre “De Nero a bombeiro

  1. Gervásio Luz

    O tempo passa, o tempo voa, mas Requião continua o mesmo boçal de sempre, numa boa. Até aí, tudo bem, está na dele. Espantoso mesmo é que existam paranaenses capazes de ver nesse fóssil de tiranossauro ideológico alguma novidade política.

  2. Sylvia

    Francamente, qualquer pessoa com o mínimo de inteligência sabe que para realizar um ‘evento’ como esse é preciso de um tempo razoável para organizar a logística. Não é o tipo de ação que se decide no meio da tarde e se executa no cair da noite. Por isso, não vejo a entrevista como estopim. É forçar demais. Outra coisa, sugiro ouvir a entrevista para tirar a suas próprias conclusões.

  3. toledo

    Sylvia, se entendi, evento é a invasão das terras ? Mas todo o cuidado com o Requião é pouco, ele não dá recibo do que ele fala. Depois dos 60/65 anos , é considerado IDOSO e pode ser denunciado no MINISTÉRIO PUBLICO DO IDOSO, até entrar com pedido de Interdição. Na dúvida fala com o Greca que agora é do mesmo time e não esta tão senil.

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