A revista CartaCapital declarou apoio à candidatura da presidente Dilma Rousseff em editorial do jornalista Mino Carta, diretor da publicação (ler abaixo). Segue uma tradição iniciada nas campanhas de Lula da Silva. A revista Veja seria mais honesta com os leitores se fizesse o mesmo em relação a Aécio Neves, apesar de isso ser evidente.
Por que escolhemos Dilma
Começa oficialmente a campanha eleitoral e CartaCapitaldefine desde já a sua preferência em relação às candidaturas à Presidência da República: escolhemos a presidenta Dilma Rousseff para a reeleição.
Este é o momento certo para as definições, ainda mais porque falta chão a ser percorrido e o comprometimento imediato evita equívocos. Em contrapartida, estamos preparados para o costumeiro desempenho da mídia nativa, a alegar isenção e equidistância enquanto confirma o automatismo da escolha de sempre contra qualquer risco de mudança. Qual seria, antes de mais nada, o começo da obra de demolição da casa-grande e da senzala.
O apoio de CartaCapital à candidatura de Dilma Rousseff decorre exatamente da percepção de que o risco de uns é a esperança de outros. Algo novo se deu em 12 anos de um governo fustigado diária e ferozmente pelos porta-vozes da casa-grande, no combate que desfechou contra o monstruoso desequilíbrio social, a tolher o Brasil da conquista da maioridade.
CartaCapital respeita Aécio Neves e Eduardo Campos, personagens de relevo da política nacional. Permite-se observar, porém, que ambos estão destinados inexoravelmente a representar, mesmo à sua própria revelia, a pior direita, a reação na sua acepção mais trágica. A direita nas nossas latitudes transcende os padrões da contemporaneidade, é medieval. Aécio Neves e Eduardo Campos serão tragados pelo apoio da mídia e de uma pretensa elite, retrógrada e ignorante.
A operação funcionou a contento a bem da desejada imobilidade nas eleições de 1989, 1994 e 1998. A partir de 2002 foi como se o eleitorado tivesse entendido que o desequilíbrio social precipita a polarização cada vez mais nítida e, possivelmente, acirrada. Por este caminho, desde a primeira vitória de Lula, os pleitos ganham importância crescente na perspectiva do futuro.
CartaCapital não poupou críticas aos governos nascidos do contubérnio do PT com o PMDB. No caso do primeiro mandato de Dilma Rousseff, vale acentuar que a presidenta sofreu as consequências de uma crise econômica global, sem falar das injunções, até hoje inescapáveis, da governabilidade à brasileira, a forçar alianças incômodas, quando não daninhas. Feita a ressalva, o governo foi incompetente em termos de comunicação e, por causa de uma concepção às vezes precipitada da função presidencial, ineficaz no relacionamento com o Legislativo.
A equipe ministerial de Dilma, numerosa em excesso, apresenta lacunas mais evidentes do que aquela de Lula. Tirante alguns ministros de inegável valor, como Celso Amorim e Gilberto Carvalho, outros mostraram não merecer seus cargos com atuações desastradas ou nulas. A própria Copa, embora resulte em uma inesperada e extraordinária promoção do Brasil, foi precedida por graves falhas de organização e decisões obscuras e injustificadas (por que, por exemplo, 12 estádios?), de sorte a alimentar o pessimismo mais ou menos generalizado.
Críticas cabem, e tanto mais ao PT, que no poder portou-se como todos os demais partidos. Certo é que o empenho social do governo de Lula não arrefeceu com Dilma, e até avançou. Por isso, a esperança se estabelece é deste lado. Queiram, ou não, Aécio e Eduardo terão o pronto, maciço, às vezes delirante sustentáculo da reação, dos barões midiáticos e dos seus sabujos, e este custa caro.
Por quê ela tem quer ser mais honesta com os outros candidatos??
Eles já não tem os seus representantes na mídia??
Está comparação foi desnecessária! carta capital e Veja…..em primeiro lugar Mino Carta já se provou ser um dos maiores vira casacas deste Pais, já foi da veja, e de tantos outros veículos de informação! Desde o começo a CC obedece ordens do sr Luis Inácio e é muito bem recompensado! Declarar o voto, como revista, não é uma obrigação, porém eles fizeram, e podem ter recebido bem! Colocar a veja neste mar de lama é bizarro, nenhum veículo é obrigado a declarar voto, outro ponto, a revista não pode falar em nome de seus articulistas….no caso a Veja não faria isso, pois, para ódio mortal de muitos, ainda é um dos poucos que tem membros de todos os lados….tem sim a tendência anti populista, a tendência reacionário, e de defender privados ante ao público….porém, nada implica em declarar ou não o voto! O espaço para aqueles que querem pensar individualmente vai ficando cada vez mais limitado!
cuma?
Você está certo, Zé Beto, é evidente. Mas nem todos enxergam o óbvio, rs.
Caro Diogo, você acredita que na Veja tem jornalista que não seja a favor do Patrão ? Se você disser que sim, por favor me mande o e-mail que você temdo Papai Noel , eu quero marcar para conversar com ele.
O comendador Mino Carta, para contrastar com os barões da mídia por ele próprio assinalados, de uns tempos para cá passou a adotar tradicional prática dos maiores jornais do mundo, especialmente nos Estados Unidos, ou seja, declarar apoio a candidatos à Presidência da República. Nenhuma novidade. Lembro-me que na campanha de Jânio Quadros em 1960, o Estado de S. Paulo, o jornalão dos Mesquita, como diria Alberto Dines, volta e meia fazia um editorial de louvação ao homem da vassoura, que acabou levando o Brasil a uma situação caótica, ensejando um golpe de Estado. Pouco tempo depois os editoriais do Estadão passaram a verberar as qualidades de Castelo Branco, cujo governo era classificado como “extraordinário”.
E, mais adiante, os editoriais e a maioria do espaço dedicado à política nacional — como uma biruta de aeroporto — mudaram o foco para a Frente Ampla que reunia Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek e… quem diria, o deposto João Goulart.
O que Mino Carta não aprendeu é que os outros têm o direito de pensar diferente…
Boa, Zé Beto. Dos dois primeiros comentários, depreende-se que a capacidade de compreender é diretamente proporcional à de se fazer compreender.
Os leitores nervosinhos, defensores da Veja, não estão acostumados a coisas de primeiro mundo. Lá é assim que se faz, os veículos tomam posição e não ficam simulando uma imparcialidade imbecil, ecoada também nos editoriais de alguns telejornais.
“veja tem membros de todos os lados”….. quá, quá, quá!