Queremos Copa no Brasil todo ano e Brasileirão a cada quatro anos. (Sérgio Paiva)
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Uma ideia sobre “Copa todo ano!”
m.n.
Para quem gosta de futebol, uma dica de leitura extraída da Domingueira Poética:
Prezadas/os
Pois é, quando não sei o que escrever, costumo pegar emprestado dos outros e compartilho com os domingueiros. Desta vez trata-se de um livro, uma raridade muito apropriada nesses dias de Copa do Mundo, disponível no território livre e sem lei da Internet.
Julgo que me veio em boa hora, pois estamos a dois passos, ou melhor, a dois jogos do céu – ou inferno futebolístico – a coletânea “Nelson Rodrigues – A Sombra das Chuteiras Imortais”, organizada por outro brilhante artífice da palavras, o Rui Castro.
Até que não gosta de futebol vai concordar que é uma delícia ler Nelson falando de um tempo onde o futebol era menos isento de “marquetingui”, Galvões-Bueno, Cartolas FIFENSES, redes sociais, twitters e outras pobrezas imediatistas.
Abaixo, como aperitivo para aguçar a curiosidade dos domingueiros, um depoimento nas “orelhas” escrito por outro monstro sagrado, o saudoso Armando Nogueira. Confiram.
“Nelson Rodrigues não enxergava direito. De longe, então, era
incapaz de distinguir Fulano de Beltrano. No Maracanã, que deixa o
torcedor a léguas do campo, não conseguia ver o jogo sozinho. Tinha
que ter alguém soprando no ouvido dele os lances que a vista curta
não alcançava. E, no entanto, ninguém jamais retratou um jogo de
futebol com a dimensão épica que o leitor vai encontrar neste livro
organizado por Ruy Castro com o mesmo rigor e o mesmo
encantamento com que se debruçou sobre a vida e a obra desse
admirável artista que conheci tão de perto.
Releio, em estado de graça, a prosa poética de Nelson
Rodrigues, escrita ao longo de vinte anos. São crônicas da época em
que o futebol brasileiro foi mais feliz. O livro apaixona. O estilo é, ao
mesmo tempo, lírico e cortante. Nelson adjetiva a vida e os homens
com uma audácia exemplar.
À sombra das chuteiras imortais é a obra sem igual de um cronista que nunca deu a mínima bola para a frígida aritmética do jogo. Na ótica privilegiada de Nelson, futebol
sempre foi e há de ser arrebatamento. Paixão avassaladora. Chuteiras sangrando pela doce abstração de um gol.
O olhar metafórico de Nelson percorria o campo todo, recriando
cada passe, cada drible, cada gol, numa secreta tabelinha com
parceiros do imponderável. Era nas entrelinhas desse jogo sempre
mágico que ele ia buscar seus personagens. A bola que passasse por
Castilho não passaria por uma certa alma do outro mundo que o
cronista volta e meia escalava para salvar de uma derrota o time do
Fluminense ou a seleção nacional. Por suas sagradas paixões, Nelson
Rodrigues encarava Deus e o mundo.
Nelson Rodrigues costumava dizer que, como um menino, via o
amor pelo buraco da fechadura. Poderia dizer, também, que via o
futebol com os olhos de um iluminado. Todo domingo, ele ia ao
estádio, para contemplar os anjos e os demônios da sua devoção. Foi
assim, no entardecer de cada jogo, que nasceu À sombra das
chuteiras imortais, canto primeiro e único à epopéia do futebol
brasileiro.
Nelson é o nosso Homero, sem tirar nem pôr.
Armando Nogueira”
Boa leitura. Bom Domingo. Brasil-il-il-il….
PS: Para aproveitar essa remessa, e compensar os que não gostam do gênero, anexei o Informativo da AFPF, que costumo enviar-lhes em separado.
—
Antonio Pastori, guardião da Domingueira Poética
+55 (21) 99911- 8365
Para quem gosta de futebol, uma dica de leitura extraída da Domingueira Poética:
Prezadas/os
Pois é, quando não sei o que escrever, costumo pegar emprestado dos outros e compartilho com os domingueiros. Desta vez trata-se de um livro, uma raridade muito apropriada nesses dias de Copa do Mundo, disponível no território livre e sem lei da Internet.
Julgo que me veio em boa hora, pois estamos a dois passos, ou melhor, a dois jogos do céu – ou inferno futebolístico – a coletânea “Nelson Rodrigues – A Sombra das Chuteiras Imortais”, organizada por outro brilhante artífice da palavras, o Rui Castro.
Até que não gosta de futebol vai concordar que é uma delícia ler Nelson falando de um tempo onde o futebol era menos isento de “marquetingui”, Galvões-Bueno, Cartolas FIFENSES, redes sociais, twitters e outras pobrezas imediatistas.
Abaixo, como aperitivo para aguçar a curiosidade dos domingueiros, um depoimento nas “orelhas” escrito por outro monstro sagrado, o saudoso Armando Nogueira. Confiram.
“Nelson Rodrigues não enxergava direito. De longe, então, era
incapaz de distinguir Fulano de Beltrano. No Maracanã, que deixa o
torcedor a léguas do campo, não conseguia ver o jogo sozinho. Tinha
que ter alguém soprando no ouvido dele os lances que a vista curta
não alcançava. E, no entanto, ninguém jamais retratou um jogo de
futebol com a dimensão épica que o leitor vai encontrar neste livro
organizado por Ruy Castro com o mesmo rigor e o mesmo
encantamento com que se debruçou sobre a vida e a obra desse
admirável artista que conheci tão de perto.
Releio, em estado de graça, a prosa poética de Nelson
Rodrigues, escrita ao longo de vinte anos. São crônicas da época em
que o futebol brasileiro foi mais feliz. O livro apaixona. O estilo é, ao
mesmo tempo, lírico e cortante. Nelson adjetiva a vida e os homens
com uma audácia exemplar.
À sombra das chuteiras imortais é a obra sem igual de um cronista que nunca deu a mínima bola para a frígida aritmética do jogo. Na ótica privilegiada de Nelson, futebol
sempre foi e há de ser arrebatamento. Paixão avassaladora. Chuteiras sangrando pela doce abstração de um gol.
O olhar metafórico de Nelson percorria o campo todo, recriando
cada passe, cada drible, cada gol, numa secreta tabelinha com
parceiros do imponderável. Era nas entrelinhas desse jogo sempre
mágico que ele ia buscar seus personagens. A bola que passasse por
Castilho não passaria por uma certa alma do outro mundo que o
cronista volta e meia escalava para salvar de uma derrota o time do
Fluminense ou a seleção nacional. Por suas sagradas paixões, Nelson
Rodrigues encarava Deus e o mundo.
Nelson Rodrigues costumava dizer que, como um menino, via o
amor pelo buraco da fechadura. Poderia dizer, também, que via o
futebol com os olhos de um iluminado. Todo domingo, ele ia ao
estádio, para contemplar os anjos e os demônios da sua devoção. Foi
assim, no entardecer de cada jogo, que nasceu À sombra das
chuteiras imortais, canto primeiro e único à epopéia do futebol
brasileiro.
Nelson é o nosso Homero, sem tirar nem pôr.
Armando Nogueira”
Boa leitura. Bom Domingo. Brasil-il-il-il….
PS: Para aproveitar essa remessa, e compensar os que não gostam do gênero, anexei o Informativo da AFPF, que costumo enviar-lhes em separado.
—
Antonio Pastori, guardião da Domingueira Poética
+55 (21) 99911- 8365