16:14Ivan Junqueira, adeus

Da Folha.com

Morre aos 79 Ivan Junqueira, membro da Academia Brasileira de Letras

O jornalista, poeta, tradutor e crítico literário Ivan Junqueira morreu nesta quinta-feira (3), aos 79 anos, no Rio de Janeiro. Segundo informou a Academia Brasileira de Letras (ABL), Junqueira estava internado há mais de um mês no Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, onde teve uma insuficiência respiratória.

O jornalista, poeta, tradutor e crítico literário Ivan Junqueira morreu nesta quinta-feira (3), aos 79 anos, no Rio de Janeiro. Segundo informou a Academia Brasileira de Letras (ABL), Junqueira estava internado há mais de um mês no Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, onde teve uma insuficiência respiratória.

O corpo do poeta está sendo velado no Salão dos Poetas Românticos, na ABL, de onde sairá às 15 horas para ser sepultado no Cemitério São João Batista, também em Botafogo.

Junqueira era membro da Academia Brasileira de Letras desde março de 2000, quando passou a ocupar a cadeira nº 37, antes pertencente ao poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999).

O presidente da ABL, o acadêmico Geraldo Holanda Cavalcanti, determinou luto de três dias e que a bandeira da Academia seja hasteada a meio mastro.

“Acadêmico exemplar, Ivan engrandeceu a Casa à qual serviu durante 14 anos com exação, competência e dedicação. Grande poeta, mestre indiscutível nas artes do ensaio crítico e da tradução literária, Ivan deixa um legado que enriquece a nossa tradição e a história literária do Brasil.”, escreveu Cavalcanti em um comunicado.

“O Ivan representava nesse momento a grande poesia culta no Brasil. Além disso, traduziu Baudelaire, Eliot, Dylan Thomas. Ficará para sempre na história da literatura brasileira em dois tronos: o de grande poeta e de grande tradutor. A Academia perde muito”, disse o escritor, poeta e tradutor Ivo Barroso.

 

Carioca, nascido em 1934, Junqueira chegou a ingressar nas faculdades de Medicina e de Filosofia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), porém não completou os cursos.

Trabalhou nos jornais “Tribuna da Imprensa”, “Correio da Manhã”, “Jornal do Brasil” e “O Globo” durante as décadas de 1970 e 1980, além de colaborar para diversos outros jornais como crítico literário.
Publicou seu primeiro livro de poesia, “Os Mortos”, em 1965. Depois escreveria, entre outros, “Três Meditações na Corda Lírica” (1977), “O Grifo” (1987), “A Sagração dos Ossos” (1994) e “O Outro Lado” (2007). Seus poemas estão traduzidos em espanhol, alemão, francês, inglês, italiano, dinamarquês, russo, turco, búlgaro, esloveno, provençal, croata e chinês.Ele recebeu quatro vezes o Prêmio Jabuti, o mais importante da literatura brasileira, em 1995, 2005, 2008 e 2010. Foi também premiado com um Assis Chateaubriand, da ABL (1985), com um Prêmio Nacional de Ensaísmo Literário, do Instituto Nacional de Linguística (1985) e com o Prêmio da Biblioteca Nacional (1992), entre muitos outros.

Junqueira produziu também importantes coletâneas de ensaios, como “Testamento de Pasárgada” (1980), antologia crítica da poesia de Manuel Bandeira, e “Cinzas do Espólio” (2009).

Outra atuação importante foi no campo da tradução. Junqueira verteu para o português obras de grandes poetas, como o americano T.S. Eliot (1888-1965) e o francês Charles Baudelaire (1821-1867).

INÉDITOS E RELANÇAMENTOS

A Editora Rocco vai lançar duas obras do poeta no segundo semestre, previstas para celebrar seus 80 anos, no dia 3 de novembro. “Reflexos do Sol Posto” reúne ensaios sobre a história da poesia brasileira, enquanto “Essa Música”, é uma coletânea de poemas.

O escritor e acadêmico da ABL Marco Lucchesi é autor do texto de orelha do livro.

“Acho que é o livro mais bonito da carreira dele. Vai ficar na história da literatura brasiliera como um grande livro. Foi produzido no período de convalescença, resgata um tema contante na obra dele, o embate com a morte”, diz Lucchesi.

Também está previsto para o segundo semestre o lançamento da coletânea “Poesia” (Nova Fronteira), de T.S. Eliot, com tradução e prefácio do carioca.

Ivan Junqueira deixa sua mulher, a jornalista e escritora Cecília Costa Junqueira, e cinco filhos, Suzana, Rafael, Raquel, Eduardo e Otávio

 

 

Compartilhe

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.