17:17André Vargas fez intermediação com ministério, diz dono da Labogen

Da Folhapress

Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (2), um dos sócios da Labogen, Leonardo Meirelles, admitiu que o deputado André Vargas (sem partido-PR) foi o responsável por indicar o laboratório para o Ministério da Saúde para a formalização de um contrato de R$ 35 milhões para produção de medicamentos. Ele prestou depoimento como testemunha no processo que investiga a quebra de decoro parlamentar do deputado devido ao seu envolvimento com Youssef.

Segundo Meirelles, Vargas foi apresentado a ele em São Paulo pelo doleiro no ano passado. Youssef teria indicado o deputado como alguém que poderia ajudar na viabilização do contrato. “[Youssef] me disse que procurasse o deputado e apresentasse para ele o projeto do laboratório que era de interesse para a saúde pública do país. […] Estive com deputado algumas vezes onde coloquei para ele que o projeto era bom para o país. […] Diante disso, fomos encaminhados para a Secretaria de Insumos Estratégicos do Ministério”, afirmou.

No entanto, em outro momento do depoimento, Meireles se contradiz e afirma que esteve com o deputado na Câmara e que ele teria feito apenas um “encaminhamento técnico” do projeto. “Não teve intermediação de Vargas. Mostrei para ele o projeto e ele só fez o encaminhamento técnico”, disse. O empresário, no entanto, negou que tenha realizado reuniões com Vargas e Youssef ao mesmo tempo para tratar da Labogen e disse que Vargas não foi com ele ao Ministério da Saúde.

INVESTIGAÇÕES
De acordo com investigações da Polícia Federa na Operação Lava Jato, a Labogen teria sido usada para lavar US$ 37 milhões (R$ 85 milhões) oriundos dos negócios de Youssef ao simular as importações. Vargas teria auxiliado o doleiro a conseguir um contrato no ministério para o laboratório no valor de R$ 31 milhões.

Em uma das mensagens interceptadas pela PF, Vargas e o doleiro aparecem conversando sobre a Labogen e tratam o negócio como aoportunidade de “independência financeira”. A suspeita da polícia é de que o doleiro seja o verdadeiro dono do laboratório.

Para o contrato com o Ministério da Saúde, o laboratório se associou com a EMS dentro de um programa do Ministério da Saúde denominado PDP (Parceria para o Desenvolvimento Produtivo). O objetivo deste programa é transferir para laboratórios públicos a produção de medicamentos. No caso, o Laboratório Farmacêutico da Marinha era o parceiro público das outras duas empresas.

O depoimento de Meireles contradiz o que disse o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), um dos principais defensores de Vargas no Congresso desde que as denúncias foram publicadas. Também em depoimento ao Conselho de Ética, ele afirmou nesta terça-feira (01) ter certeza que o deputado não tinha feito lobby para a Labogen no ministério.

Meirelles foi preso pela Operação Lava Jato em março, mas decidiu colaborar com a PF e foi solto. Em dezembro de 2013, o laboratório conseguiu fechar uma parceria com o ministério da Saúde. Na época, a pasta era comandada por Alexandre Padilha, hoje candidato ao governo de São Paulo pelo PT.

LAVAGEM DE DINHEIRO
O empresário confirmou ainda que Youssef deteve o controle das contas da empresa entre 2009 e 2010. De acordo com Meireles, Youssef utilizou a empresa para fazer importações e exportações de insumos farmacêuticos. Na época, a Labogen tinha uma dívida de R$ 54 milhões e desde que foi adquirida por Meirelles em 2008, o único contrato firmado com o poder público foi com o Ministério da Saúde no ano passado.

O doleiro também teria feito um aporte de cerca de R$ 1,2 milhão na Labogen para viabilizar a construção da nova fábrica e para garantir o capital de giro inicial da empresa. Questionado

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