15:17Aneel suspende reajuste de tarifas de energia da Copel, no Paraná

Da Folha.com

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) concedeu a suspensão do reajuste de tarifas da distribuidora de energia Copel, a pedido da própria empresa, segundo despacho publicado no “Diário Oficial da União” desta quinta-feira (26).

A empresa resolveu suspender o reajuste aprovado pela Aneel na terça-feira (24), a pedido de seu controlador, o governo do Paraná.

A agência havia aprovado um reajuste médio de 35,05% na tarifa de energia da companhia.

Mas, logo após o anúncio, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), pré-candidato à reeleição em outubro, disse em sua conta no Twitter que pediria a suspensão do reajuste, “para buscar uma solução junto com a Copel”.

O governo do Estado fez o pedido de suspensão alegando “significativos impactos socioeconômicos”.

No dia em que o reajuste foi anunciado, movimentos sociais fizeram uma manifestação em frente à Copel, com cerca de 200 pessoas, rotulando o governo de “roubo” e de “tarifaço”.

A suspensão do aumento, porém, pode prejudicar financeiramente a Copel, que enfrenta aperto no caixa e considera inclusive adiar investimentos caso a tarifa não seja reajustada.

Nos cálculos da Copel, a empresa precisaria de um aumento de 32,45% na tarifa para atingir o equilíbrio econômico-financeiro. O principal motivador desses custos, segundo a empresa, foi a compra de energia em leilões.

A Copel tinha contratos fechados para obter energia mais barata, mas eles não foram honrados. A usina de Jirau, por exemplo, era uma das contratadas, mas não ficou pronta a tempo.

Além disso, o custo da energia subiu, após a forte seca prejudicar os reservatórios das hidrelétricas pelo país.

“A culpa [da tarifa] não é nossa. A culpa é desses desacertos pelos quais o setor elétrico está passando”, disse o presidente da Copel, Lindolfo Zimmer.

Em 2013, no auge das manifestações de junho, Richa também suspendeu o reajuste de 14% autorizado pela Aneel. A Copel acabou aplicando um aumento de apenas 9%.

Essa frustração de receitas pode afetar o cronograma de investimentos da empresa, como admite Zimmer.

“Se temos um plano de expansão de redes de distribuição, quem sabe possamos protelar isso por três meses, seis meses, fazer um ajuste no cronograma.”

 

PREJUÍZO

Em 2013, a Copel Distribuidora fechou o ano com R$ 160 milhões de prejuízo. No primeiro trimestre deste ano, ficou quase no zero a zero.

A empresa sustenta, porém, que não pretende sacrificar a qualidade do serviço por causa do valor da tarifa, e que não aplicar o reajuste integral também é uma questão de “justiça social”.

“A Copel quer aplicar aquilo que seja justo para se manter sustentável. Mas, por outro lado, não acreditamos que seja justo para o paranaense pagar uma conta que não é dele”, disse Zimmer.

“Isso traria consequências ruins para a economia do Estado, para a inflação. Temos que pensar nisso também.”

Veja, abaixo, outros reajustes já autorizados pela Aneel neste ano.

*

NORDESTE

PERNAMBUCO

Celpe (Companhia Energética de Pernambuco)
3,2 milhões de clientes, em todos os municípios pernambucanos
17,69% para residências
17,86 para indústrias

SERGIPE

Energisa Sergipe
630 mil clientes, em 63 municípios
12,17% para residências
11,31% para indústrias

CEARÁ

Coelce (Companhia Energética do Ceará)
Mais de 3 milhões de clientes, em 184 municípios
17,02% para residências
16,16% para indústrias

BAHIA

Coelba (Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia)
5,3 milhões de clientes, em 415 municípios
14,82% para residências
16,04% para indústrias

RIO GRANDE DO NORTE

Cosern (Companhia Elétrica do Estado do Rio Grande do Norte)
Mais de 1,2 milhão de clientes, em 167 municípios
11,40% para residências
15,78% para indústrias

SUDESTE

MINAS GERAIS

Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais)
18,2 milhões de clientes, em 774 municípios
14,24% para residências
12,41% para indústria

Bragantina
122 mil unidades de consumo, 15 municípios (5 na região de Bragança Paulista, SP, e 10 em Minas Gerais)
14,98% para residências
14,43% para indústria

Energisa Minas Gerais
407 mil residências em 66 municípios de Minas e do Rio de Janeiro
5,8% para residências
3,75% para indústrias e consumidores de alta tensão

SÃO PAULO

Bragantina
122 mil unidades de consumo, 15 municípios (5 na região de Bragança Paulista, SP, e 10 em Minas Gerais)
14,98% para residências
14,43% para indústria

Vale Paranapanema
167 mil unidades de consumo, em 27 municípios (região de Assis)
18,98% para residências
21,31% para indústria

CNEE (Companhia Nacional de Energia Elétrica)
105 mil unidades de consumo, em 15 municípios (região de Novo Horizonte e Catanduva)
16,93% para residências
16,64% para indústrias

Caiuá-D (Caiuá Distribuição de Energia)
230 mil unidades de consumo, em 24 municípios (região de Presidente Prudente)
14,42% para residências
13,39% para indústrias

RIO DE JANEIRO

Energisa Minas Gerais
407 mil residências em 66 municípios de Minas e do Rio de Janeiro
5,8% para residências
3,75% para indústrias e consumidores de alta tensão

Energisa Nova Friburgo
96 mil residências e comércios no município de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro
13,66% para residências
7,94% para Indústrias e consumidores de alta tensão

CENTRO OESTE

MATO GROSSO DO SUL

Enersul
909 mil unidades de consumo, em pelo menos 10 municípios
9,4% para residências
14,11% para indústrias

SUL

RIO GRANDE DO SUL

AES Sul
1,2 milhões de clientes, em 118 municípios
28,99% para residências
30,29% para indústria

PARANÁ

Copel
4,22 milhões de clientes, em 396 municípios (3 deles apenas na área rural)
33,49% para residências
37,35% para indústrias
OBSERVAÇÃO O reajuste da Copel foi cancelado a pedido do governo do Paraná

Cocel
Município de Campo Largo
42,02%, em média

 

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2 ideias sobre “Aneel suspende reajuste de tarifas de energia da Copel, no Paraná

  1. JK

    Depois das eleições o aumento vem com certeza, lembram do pedagio do Jaime Lerner, baixou antes e subiu depois, este golpe ja é antigo.

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