14:38A Golpe Militar e o Paraná

Da assessoria de Comunicação da Câmara Municipal de Curitiba:

Memória do Golpe Militar é debatida na Câmara de Curitiba

Os 50 anos do Golpe Militar de 1964 foram o tema da Tribuna Livre desta quarta-feira (25) na Câmara de Curitiba. A convite do vereador Jorge Bernardi (PDT), o presidente do Grupo “Tortura Nunca Mais”, Antonio Narciso Pires, falou sobre a resistência contra a ditadura no Paraná e reforçou a necessidade da preservação da memória histórica do país. 

O convidado é coautor do livro “Depoimentos para a História – A resistência à ditadura militar do Paraná”, lançado no último dia 11 de junho, na capital paranaense. A obra é o resultado da articulação do grupo, da Sociedade Direitos Humanos para a Paz e do Projeto Marcas da Memória da Comissão Nacional da Anistia do Ministério da Justiça. 

De acordo com Pires, o projeto inicial previa a coleta de 100 depoimentos de homens e mulheres que combateram o regime e foram vigiados, perseguidos, presos e torturados no estado, durante os 21 anos da ditadura. Mas, com o apoio do Ministério da Justiça, foi possível ultrapassar a meta e registrar 165 relatos, publicados no livro e na internet



“Por 16 anos, tentamos a viabilização de recursos para a execução do projeto. Publicamos a primeira edição e agora não temos mais o apoio da Comissão da Anistia. Mas o projeto continua, pois temos mais de 200 depoimentos que precisam ser coletados, para que a história não morra. Tivemos muitas pessoas que poderiam ter contribuído, que morreram”, explicou.

Para Jorge Bernardi, os depoimentos reunidos pelo Grupo “Tortura Nunca Mais” são fundamentais para a construção de “uma nação forte e democrática”. “Antonio Pires foi um dos milhares de brasileiros e brasileiras perseguidos durante o golpe, que durou mais de duas décadas no nosso país e foi uma das ditaduras mais sangrentas da América do Sul”, reforçou, ao parabenizar a iniciativa.

Na opinião de Narciso Pires, a participação dos vereadores é fundamental no registro da memória de uma ditadura que não foi apenas militar, mas civil e econômica. “Em golpes militares, são as casas legislativas as primeiras a serem fechadas. Esta Casa tem a obrigação de ser a vanguarda, em Curitiba e no Paraná, na consolidação da democracia. Precisamos desse apoio para garantir que a história não morra”. 

“Se não fosse a ação de pessoas como vocês, que guardam nossa história, hoje não teríamos um parlamento aberto. Nós somos gratos por guardarem essa memória e manter essa chama acesa”, disse o presidente da Câmara de Curitiba, Paulo Salamuni (PV). A história do vereador, que também foi militante nos anos de chumbo, é uma das 165 que fazem parte da publicação. 

Resgate da memória 

Em sua fala, o presidente do Grupo “Tortura Nunca Mais” criticou a construção da história do país, que passa pela exclusão da memória dos índios e negros. “O Brasil de hoje é fruto da escravidão negra e do genocídio indígena. A memória histórica é uma disputa ideológica. Nenhum país desenvolvido no mundo deve deixar de preservar a memória das pessoas, daqueles que lutaram pela construção de sua história”, disse Pires. 

Para o militante, o Golpe de 1964 silenciou a classe trabalhadora, que pela primeira vez em sua história era ouvida por seus dirigentes. “Passos estão sendo dados, mas é fundamental termos nossa memória e verdadeira história registradas”, respondeu Professora Josete (PT). “Temos muito o que fazer para resgatar a lembrança, não só a da ditadura, mas a outra história, dos mais pobres, que construíram o nosso país”, complementou Pedro Paulo, do mesmo partido. 

Aos parlamentares, o convidado ainda sugeriu que a Câmara Municipal faça o resgate de sua própria história, com depoimentos de ex-vereadores que ainda estão vivos. “Deem o exemplo para o Brasil, de que esta é uma Casa preocupada com a história do seu povo. Quando falamos em direitos humanos, temos que nos unir. Quando falamos em democracia, isso reflete em todos os partidos aqui presentes”, finalizou. 

O livro “Depoimentos para a história” também é assinado pelo historiador Fábio Bacila Sahd e pela jornalista e filósofa Silvia Calciolari, que acompanhou a Tribuna Livre. O debate ainda contou com a presença do ex-vereador Aziel Pereira e com as contribuições de Bruno Pessuti (PSC), Professor Galdino (PSDB), Serginho do Posto (PSDB) e Valdemir Soares (PRB).

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