21:53Marlene, adeus

Da Folha.com

Cantora Marlene, voz marcante da era do rádio brasileira, morre aos 91 anos

A cantora Marlene, uma das vozes mais famosas do rádio brasileiro na década de
1940 e responsável por uma rivalidade marcante com outra cantora, Emilinha
Borba (1923-2005), morreu às 18h24 no Rio, nesta sexta-feira (13), aos 91 anos.
Ela estava internada no hospital Casa de Portugal, no Rio Comprido (zona norte da
cidade), desde domingo (8). De acordo com familiares, ela teria sofrido uma
hemorragia nasal nesse dia. O quadro evoluiu para pneumonia e ela morreu de
falência múltipla dos órgãos. O corpo da cantora será velado a partir das 8h deste sábado (14) no Teatro João Caetano, na praça Tiradentes, centro do Rio

A cantora Marlene, uma das vozes mais famosas do rádio brasileiro na década de 1940 e responsável por uma rivalidade marcante com outra cantora, Emilinha Borba (1923-2005), morreu às 18h24 no Rio, nesta sexta-feira (13), aos 91 anos.

Ela estava internada no hospital Casa de Portugal, no Rio Comprido (zona norte da cidade), desde domingo (8). De acordo com familiares, ela teria sofrido uma hemorragia nasal nesse dia. O quadro evoluiu para pneumonia e ela morreu de falência múltipla dos órgãos.

O corpo da cantora será velado a partir das 8h deste sábado (14) no Teatro João Caetano, na praça Tiradentes, centro do Rio.Ao longo de quase sete décadas de carreira, Marlene gravou perto de 4.000 músicas. Estreou aos 13 anos, na rádio Bandeirantes de São Paulo e tornou-se profissional em 1940, na rádio Tupi.

Marlene foi uma artista excepcional, que estendeu seu talento para o teatro onde teve atuações marcantes.Quando Fauzi Arap e eu fizemos o ‘É a Maior’, tínhamos no repertório compositores iguais a Milton Nascimento, Chico Buarque, Caetano Veloso, Consultando a internet, você vai flagrá-la num de seu grandes momentos: ela interpretando o ‘Galope’ de Gonzaguinha. É de arrepiar”, disse à Folha o produtor musical e compositor Hermínio Bello de Carvalho.

VIDA

Descendente de italianos, ela nasceu Victória Bonaiutti de Martino, em São Paulo, no dia 22 de dezembro de 1922, sendo a mais nova de três filhas.

Sua mãe era devota da Igreja Batista e, por isso, matriculou-a no Colégio Batista Brasileiro, pagando apenas uma taxa. As mensalidades foram descontadas, em troca de que Victória prestasse serviços ao colégio, no qual estou dos 9 aos 15 anos.

Começou a se apresentar na rádio Bandeirantes e acabou deixando de lado a meta de se tornar contadora, sem que a família religiosa descobrisse.

Acabou sendo descoberta, porém, pelo número de faltas em aula, já que passava muitos dias no rádio. Mesmo castigada pela mãe, estava determinada a seguir na carreira.

Por isso, em 1943, partiu para o Rio, onde conseguiu se tornar cantora do Cassino Icaraí, em Niterói. Dois meses depois, foi descoberta por Carlos Machado, que a chamou para se apresentar com sua orquestra no Cassino da Urca.

Com a proibição dos cassinos em 1946 por parte do presidente Eurico Gaspar Dutra, seguiu com a orquestra para a boate Casablanca. O ano marcou também o lançamento de suas primeiras gravações, como os sambas “Suingue no Morro” e “Ginga, Ginga, Moreno”. Seu primeiro sucesso, porém, se deu no Carnaval de 1947, com “Coitadinho do Papai”.

Com a música, ela estreou na rádio Nacional e fez grande sucesso em 1948.

No mesmo ano, passou a ser a estrela do hotel Copacabana Palace e ganhou o slogan que acompanhava seu nome: “Marlene, ela que canta e dança diferente”.

Atuou no cinema, nos filmes “Um Beijo Roubado” (1950), “Tudo Azul” (1952) e “A Volta do Filho Pródigo” (1978), entre outros.

Na TV, fez participações em novelas e minisséries, como “Viver a Vida” (1984) e “Chiquinha Gonzaga” (1999).

Foi casada com o ator e comediante Luís Delfino, morto em 2005.

RIVALIDADE COM EMILINHA

Em 1948, o maior nome da rádio nacional era Emilinha Borba, embora as irmãs Linda e Dircinha Batista fossem também bastante populares. Juntas, ganharam por anos consecutivos o concurso “Rainha do Rádio”, organizado pela Associação Brasileira de Rádio.

Para votar, era preciso comprar a “Revista do Rádio”.

Em 1949, Marlene ganhou o concurso, quando a vitória de Emilinha Borba já era dada como certa. Para isso, ela obteve o apoio da empresa de bebidas Companhia Antarctica Paulista, que estava lançando o guaraná Caçula e quis associar a imagem de Marlene ao produto.

A empresa deu a Marlene um cheque em branco, para que comprasse quantos votos fossem necessários para a vitória. A cantora acabou sendo campeã com mais de 500 mil votos, com Ademilde Fonseca em segundo e a favorita Emilinha em terceiro. Foi aí que teve início a rivalidade entre as duas, que também ajudou a impulsionar ainda mais suas carreiras.

Rivais, não chegavam a ser amigas, mas também não se odiavam. Gravaram juntas, entre outras, as marchinhas “Casca de Arroz” e “A Bandinha do Irajá”, sucessos no Carnaval de 1950.

O título de “Rainha do Rádio” rendeu a Marlene ainda um programa só para ela na rádio Nacional. Ela chegou a participar também de outros programas, como o de Manuel Barcelos, o de César de Alencar, o de José Messias e o de Paulo Gracindo.

Quando ela se fixou como exclusiva do programa de Manuel Barcelos, porém, Emilinha conseguiu o mesmo na atração de César de Alencar.

A rivalidade entre as duas estrelas tornou-se real e persiste até hoje entre os fãs. Emilinha, um ano mais nova que Marlene, morreu em 2005

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