Em 1950 não houve protestos pela realização da Copa do Mundo no Brasil. Nem quando o time de Zizinho perdeu a final contra o Uruguai houve chiadeira. O povo ficou mudo, chorou e foi pra casa amargar a derrota. Agora estão errando no rótulo da coisa. Os protestos são contra a safardagem generalizada para a realização do torneio de futebol, incluindo aí o massacre das campanhas publicitárias, das emissoras que vão transmitir, etc, e, claro contra a corrupção generalizada. Sediar a Copa é muito bom. Ou não? Para a Copa de 50 construíram o Maracanã em dois anos a um custo astronômico. Não se tem notícia de que houve reclamação da turma do andar de baixo. O mote de que o dinheiro gasto agora deveria ser canalizado para saúde e educação é válido, mas estas duas necessidades básicas de qualquer país civilizado são vilipendiadas pelos senhores do engenho desde que o Brasil é Brasil – e nunca a ninguenzada saiu às ruas para escrachar os responsáveis por isso e atrapalhar a vida de todo mundo. Tudo agora é espetáculo, anabolizado com os interesses de quem? Daqueles que comandam o espetáculo de horror. No fim, o pobre futebol, que é arte, fica do tamanho de um nada nessa palhaçada toda.