Na semana que antecede a data do cinquentenário do golpe que instalou a ditadura no Brasil, o coronel da reserva Paulo Malhães continua abrindo o bico e revelando um pouco do que acontecia nos porões da repressão, ou seja, a versão do lado de quem estava protegido pelo poder. É coisa rara e as Forças Armadas continuam se recusando a esclarecer oficialmente tais fatos. Em depoimentos à Comissão da Verdade ele já revelou a “técnica” para desaparecer com os corpos daqueles que eram mortos durante ou depois das torturas. Deu um endereço de um dos locais clandestinos onde os presos eram trucidados. Agora ele entregou um companheiro de farda responsável pela morte do jornalista Alexandre Baugarten e o desaparecimento da mulher deste e de um barqueiro, em operação de queima de arquivo que deu errado na parte do sumiço do cadáver, porque o corpo do prestador de serviço ao SNI apareceu numa praia do Rio de Janeiro. Malhães não se arrepende nem um pouco do que fez. Isso dá para notar nas fotos publicadas hoje nos jornais. Além do deboche estampado, há sinais de prazer no que fala e também aquela aura da impunidade que ele acha que tem. É o horror!
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A cara dele é do Sadan ressuscitado.