8:49O Soho é da Gazeta!!

Da Gazeta do Povo

 

“Soho” não é palavrão

 

A poucos dias do 321.º aniversário da cidade, é bom ver o fervor de alguns curitibanos na defesa dos nomes e da história dos seus bairros. É o que se vê na página criada no Facebook sob o título de “Soho não”. Seria o caso de dar vivas se não coubesse, antes, o esclarecimento de um ponto que o calor do debate acabou sufocando.

A expressão Cabral Soho, para ficar na mais comentada, não propõe rebatizar um bairro, mas adotar um conceito praticado no mundo todo, com resultados comprovados. Não faltam exemplos. “Sohos” oxigenam o espaço urbano, atraem investimentos, reduzem a violência e devolvem o público às ruas. Tudo o que mais se deseja em matéria de convivência na urbe.

Curitiba não é exceção. Já viveu essa experiência com bons ganhos. O Soho Rebouças levou à zona industrial a sede da Fundação Cultural e, com ela, exposições e seus espectadores. Difícil dizer que o Rebouças não melhorou. Já o nome Soho, um pretexto para as mudanças, entrou em desuso assim que a região reagiu. Era um instrumento. No Batel Soho, outro exemplo local, duas dezenas de empresários se uniram, fazendo sua parte na revitalização da Praça Espanha.

Nos quatro cantos do planeta, as cidades estão empenhadas em achar soluções criativas para combater a degradação. Existe ciência no assunto. No fim dos anos 1990, o ex-ministro de Cultura da Inglaterra Chris Smith, entusiasta da economia criativa, fez de Londres uma cidade referência graças também à multiplicação dos Sohos, capazes de atrair artistas, estudantes, empresários e boêmios, convivendo em diálogo em um mesmo espaço. E nada mais natural do que começar pelas vocações gastronômicas, tal qual Porto Madero em Buenos Aires.

O Cabral Soho é um dos oito polos mapeados no estudo feito pela Brain Bureau de Inteligência Corporativa a pedido da Gazeta do Povo. O nome foi adotado por um grupo de comerciantes que criaram a Associação dos Lojistas do Cabral Soho (Alcas). A principal crítica ao projeto é a própria nomenclatura do polo, acusada de estar renomeando o bairro. É um temor infundado.

O estudo, lançado em dezembro, mostrou que Curitiba tem polos que unem serviços como gastronomia, moda, saúde e decoração. Tudo isso fica mais visível e palpável se as áreas em que estão forem bem delineadas. Não tem a ver com traçado de bairro, mas com recortes que ultrapassam limites geográficos. O Cabral Soho encontra costuras no Juvevê, Hugo Lange, parte do Ahú, Bacacheri, Alto da Glória e Jardim Social. É assim em qualquer cidade dinâmica.

Os nomes escolhidos passaram pelo aval dos que vivem nas regiões estudadas. Importam menos que o compromisso, o marco – e cidades precisam de marcos. Quanto ao comércio, como se sabe ele é sim um impulso para o desenvolvimento, inclusive dos moradores que ali circulam.

Em tempo: o que seria da Rua XV sem o conceito do “calçadão”? Essa ideia, parente do “Soho”, atraiu, há 40 anos, a atenção poder público, fez da rua uma área contínua, com identidade clara, um movimento que se espraiou para as vias transversais. Deu certo, mas não para sempre. É preciso trabalhar pesado para manter a XV em alta.

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 8 pólos foram mapeados pela Brain Bureau de Inteligência Corporativa. O estudo mostra que Curitiba tem vários pontos que unem gastronomia, moda, saúde e decoração e que podem ganhar um novo impulso de desenvolvimento.
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6 ideias sobre “O Soho é da Gazeta!!

  1. Francisco

    Puxa mas que palavra mágica! Para os empresários acredito que deva ser um ótimo negócio pelo movimento e preços praticados, para a vizinhança fica a sujeira e os bêbados gritando pelas ruas de madrugada quando os bares fecham.

  2. Juca

    Boa Francisco. A Gazeta do Povo não devia usar a palavra SOHO e sim sonho, pois o jornal tem mais coisas importantes. Vejam só a inclusão no dicionário do curitibano dessa palavra não vai mudar a insegurança, não vai acabar com menores abandonados, não vai acabar com as drogas, os empresários não terão melhores fregueses pois ainda nós teremos os Shoppings para frequentarmos, o movimento de Santa Felicidade continuará o mesmo, como ou sem o SOHO. Então continuo entendendo que se trata de um movimento de uma elite que sequer representa a cidade, é só lembrarmos que no Batel existe uma região que se chama, gora nem tanto e só os mais velhos lembram, de “bragalândia”, mas continua sendo Batel. A melhora do padrão, melhora das construções e o desenvolvimento der uma região ou bairro se dá pelo mercado e pelo zoneamento que o Município cria por LEI. Se dá pelo comportamento de seus habitantes e com a educação que se inicia com as crianças. Se dá pela interferência do Poder Público que deve grar mecanismos de desenvolvimento e proporcionar renda e qualidade de vida e assim por si mesmo a população faz com que o padrão se estabeleça sem a necessidade de agregar nomes ou mesmo mudar a identidade de um bairro e transforrmá-lo com o SOHO.

  3. Gervásio

    Vamos defender o que é nosso: Cabral, Juvevê, Sitio Cercado, Boqueirão, Xaxim, Bigorrilho… Vina Wurst. Mas se a Gazeta insistir, sugiro ela assumir a “Gazeta do Povo Soho”.

  4. pedro

    Antes, a Gazeta era um jornal “chapa branca”. Hoje é um jornal “chapa” (amigo) de jecas endinheirados.

  5. Vinhoski

    Soho, sua origem deriva de uma região ao redor de Londres caracterizada por alguns pecados capitais, onde era praticado a caça à raposa. Soho aparenta ser uma corruptela linguística de Tally Ho, um grito que indicava o avistamento da inocente raposa.

    400 anos depois, o que era um charco onde somente um irlandes bêbado gostaria de viver, se transforma num bairro charmoso para os hipsters do momento. Se é necessário tanto tempo assim para entrar no gosto da patuléia, ora façamos uma lei de que Manhattan não poderá mudar para Batel Manhattan no ano 2510.

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