16:49Leituras de 1964

por Ruy Castro

 

Às vésperas dos 50 anos do golpe de 1964, uma avalanche de livros a respeito toma as livrarias. Ótimo. Esse episódio, que dividiu a história do Brasil, produziu vários títulos importantes, mas nunca gerou relatos e biografias em quantidade à altura de seu significado. E quase todos os livros publicados logo a seguir ao golpe nunca foram relançados.

O primeiro, “Os Idos de Março e a Queda em Abril”, pelo pessoal do “Jornal do Brasil” –Alberto Dines, Antonio Callado, Araújo Netto, Carlos Castello Branco, Wilson Figueiredo e outros–, saiu em maio, a pouco mais de um mês dos fatos. Sua leitura hoje surpreenderia os que atribuem à revista “Realidade” a criação da reportagem no Brasil. Um mês depois, “O Ato e o Fato”, de Carlos Heitor Cony, levou milhares de pessoas a uma noite de autógrafos na Cinelândia, na primeira manifestação contra o regime. E, em outubro, o colunista Fernando Pedreira lançou o seu “Março 31 – Civis e Militares no Processo da Crise Brasileira”.

Já em 1965, Edmundo Moniz, editorialista do “Correio da Manhã”, soltou “O Golpe de Abril”. Na sequência, veio “O Golpe Começou em Washington”, do repórter Edmar Morel –ainda sem as revelações sobre a Operação Brother Sam, mas já com um vasto apanhado dos interesses americanos no Brasil de Jango. E, em 1966, “Torturas e Torturados”, de Marcio Moreira Alves, foi o primeiro relatório de casos autenticados do gênero depois de 1964.

Em livros como esses, escritos no calor da hora, as informações vêm cruas, quase nuas, sem as “revisões” a que os pósteros costumam submetê-las –como a de que o golpe foi só uma quartelada. Neles se percebe a pesada participação civil.

Políticos, empresários, comerciantes, padres, donas de casa e paisanos porras-loucas de ambos os lados, todos ajudaram a entregar o Brasil aos militares.

 

*Publicado na Folha de S.Paulo

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5 ideias sobre “Leituras de 1964

  1. MARINGÁ

    Cá entre nós, hoje parece estar muito pior do que com Castelo Branco. Com certeza, a corrupção é maior com Sarney, Sérgio Mota, Lula, Dirceu, Dilma … Bibinho, e tantos outros, que vieram depois.

  2. juca

    É entregaram para quem? Dá a impressão que daqui a pouco os militares vão dizer. ” Passa já daqui turma e devolvam o país” É o que estão querendo essa turma que mais fala, mais promete, é bagunça de toda ordem que chamam de manifestações democráticas. A propósito vi um comercial na Televisão de um chamado para curso na ADESG, lembram da Escola Superior de Guerra. Acho que tem gente por aí se borrando.

  3. leandro

    A coisa está preta, mas pode vicar verde de novo, vejam só onde mechem aparece uma confusão é bronca em tuo, agora estourou na Confederação de Volei do Brasil. Dá para acreditar em alguém?

  4. sergio silvestre

    Fui fazer umas reforminhas em minha casa eme deparei com certos problemas vindos da nova republica,essa mesmo que inchou o estado e fez do nosso povo refém da burrocracia e da carga tributaria..
    Quando fui mexer na caixa dagua,precisei um laudo da ABNT,quando fui cortar o guanchumba do quintal precisei de outra sigla calma nos seus pareceres,onde dentro de uma sala cor ar refrigerado tinha uns trinta leigos funcionários que mal sabia de coisas ambientais.
    Trocentas siglas depois acabei a reforma,ai apareceram os fiscais municipais,onde eu avancei um pouco o puxadinho e que precisa agora do carimbaço para me darem o habites.
    Carimbaço seria um maço de dinheiro,entregue num estacionamento de shopping,como é usual nos meios políticos atuais.
    Assim foi a experiencia da democracia brasileira que estava enraizada nos exilados na França e outros paises onde o bom vinho e queijos faziam o cardápio dos políticos,e as promessas para os grandes conglomerados financeiros que quando voltassem seriam beneficiados.
    E assim foi ,voltaram para saquear o Pais, FHC,COVAS,SERRA,SERGIO MOTA,DANIEL DANTAS ,JOSÉ DIRCEU,e mais uma caterva de políticos safados que nunca tiveram um gesto de patriotismo e estão vivendo a politica para enriquecer.
    Nem vou tocar a coisa a nível estadual de como somem com orçamentos inteiro do estado e o quebram literalmente.
    Ai vem os intelectuais dizer que a ditadura militar foi nociva ao Pais,ora cara pálida,foi uma dita morna,onde sobrou a maior parte dos corruptos.
    Se fosse no Chile ou na península ibérica,teríamos se livrado de toda essa gente acima e o Pais que começou na ditadura se modernizar,teríamos hoje um Pais livre destes trastes.
    Sempre tenho um pensamento que me persegue e me aflige,como posso confiar nas leis deste Pais,que foram feitas por Sicários,delinquentes,que vão desde ladrões de cargas até matadores e esquartejadores da moto-serra.
    Alguém disse que no congresso tinha 300 picaretas,errou feio,tem mais de 500.

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