7:47O carnaval e a tristeza continuam

Para completar a festança da turma da capa-preta, iniciada com o pedido de auxílio-moradia feita pelo Tribunal de Justiça através de projeto enviado à Assembleia Legislativa do Paraná, pedido esse aprovado no salão do plenário por maioria dos votos dos nobres deputados estaduais, aqueles que, num esforço democrático, participaram do enredo colocando o pedido na pauta no tal regime de urgência, ou seja, na base do “vamos empurrar logo este carro alegórico na avenida o mais rapidamente possível”, o samba chegou ao Palácio Iguaçu e, na semana do chamado tríduo momesco, quando o governador Beto Richa estava fora do país, foi assinado e carimbado por Flavio Arns, vice-governador. Nesta terça-feira (11) tudo foi oficializado com a publicação no Diário Oficial (onde se lê Flavio Arns, entenda-se como Beto Richa, porque o substituto jamais assinaria algo dessa magnitude sem a aprovação do chefe). Agora cabe ao próprio TJ definir qual o tamanho do benefício próprio. Parece coisa de doido, mas não é, muito pelo contrário – tudo foi muito bem pensado e tramado nos três poderes cujas sedes são vizinhas na praça Nossa Senhora de Salete (aqui vale fazer o sinal da cruz). A turma da capa preta pediu o presente, os “representantes do povo” deram o aval, o governo do Estado assinou embaixo, agora são os próprios beneficiários que vão definir o tamanho do agrado, ou seja, de quanto vai ser, se o auxílio vai para todos eles, inclusive aposentados, e, que beleza!, se será retroativo (quem sabe até a data de nascimento destes escolhidos pela sabedoria causídica). Antes desta barbaridade ser aprovada, num dos poucos pronunciamentos do presidente do TJ, desembargador Guilherme Luiz Gomes, ele disse que o tal auxílio não iria onerar os cofres públicos, ou seja, não seria necessário nenhum aporte de dinheiro extra para tal pagamento. Em brasileiro ele quis dizer que o Judiciário vai bancar o custo, como se não fosse da ninguenzada a grana que paga não só esta conta, como a dos parceiros do Legislativo e do Executivo. Agora resta aguardar o desfecho desta história onde a festa, para variar, fica no andar de cima e a tristeza com a maioria anônima – um fiel retrato do Brasil de sempre.

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