7:06Loucuras de loucos

Do blog Cabeça de Pedra

 

Ele estava acuado no canto de uma salinha. Babava, mas o mais impressionante eram os olhos – esbugalhados. Segurava uma cadeira acima da cabeça. Se chegassem perto, gritava que ia rachar a cabeça do primeiro que encostasse. Dez minutos antes chamaram os mais loucos ali no pátio do Pinel. Para segurar o outro que chegava. Disseram que ele estava louco. Os mais loucos se olharam e começaram a rir. Foram lá. Ficaram na porta até ele dar a primeira piscada. Um baixinho voou no peito dele, outro segurou a cadeira, o resto cercou, deitaram o louco no chão e o imobilizaram segurando pernas, braços, ombros. Ele olhava dentro da alma de cada um e dizia que ia matar. Os que estavam ali não se incomodaram porque tinham passado anos desafiando a morte – e ela não os fez desparecer. Aplicaram uma injeção de amansa louco. Levaram, amarraram numa cama e, poucos dias depois, ele estava no pátio ao lado dos outros, esperando a hora de ir embora – porque louco que é louco é logo solto.

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Uma ideia sobre “Loucuras de loucos

  1. Ivan

    Lembra o louco paranaense mais famoso, Roberto Requião. Só que este louco, o Roberto, não pode em hipótese nenhuma ser solto. É muito, e ainda tuitando como tá, perigoso. Se prenderem, pelo amor de Deus e de todos os paranaenses, não soltem.

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