14:15Coxa de dar inveja!

por Sergio Brandão

 

 

Hoje aprendi um pouco mais sobre amor. Amor por um clube de futebol. Aprendi que este amor independe do clube. Pode ser pelo Barra do Garças, Penapolense ou o Corinthinha de Presidente Prudente. Incondicional mesmo.
Independe de divisão, derrota, vitória, diretoria… O amor que me refiro é tão grande, que faz a gente sentir vergonha em dizer que também é torcedor. Gente com tanto amor assim, deveria ter um lugar especial no estádio.
Não é preciso dizer que este amor coleciona camisas e nem que tanto faz se seu time vai jogar contra a Seleção da Espanha ou contra o Rio Branco de Paranaguá. Aliás, contra o Rio Branco é melhor. Tem menos gente no estádio – e assim fica a sensação de dividir a atenção com menos gente. Quanto menos torcedor no estádio, melhor- diz ele – o dono deste amor.
Seu sonho é um dia ter seu Coritiba jogando na China, lá do outro lado do mundo, numa pequena província, onde ninguém saiba e ninguém se importe com o jogo. Ele fará força para estar lá. Só para ver seu time entrar em campo e saudar a torcida que terá apenas ele na arquibancada. Seu time, seu clube, naquele momento, será só dele.
Com um amor deste tamanho, dá pra entender quando uma vez ele me disse que não se importaria muito se o seu clube caísse para a segunda divisão. Estaria lá, prestigiando o time da mesma forma no ano seguinte, independente de divisão. Seu coração parece enorme. Cresce sempre, junto como o amor pelo seu Coritiba.
Se um dia sonhou em ser jogador de futebol, isso só poderia acontecer se fosse pelo Coritiba, algo um pouco maior que o amor declarado pelo ídolo Alex, também pelo Coritiba.
Quando um Coxa-branca fala mal de seu time, apenas ouve, não alimenta a conversa. Quando um adversário faz isso, abre sua caixinha de argumentos, todos sempre lúcidos e convincentes, nem que seja apenas para ele.
Ricardo Almeida é um coxa-branca que merece placa no memorial do clube. Ele e sua Isabela (que já precisa de uma camisa nova para acompanhá-lo ao estádio).
Aliás, Isabela que quando nasceu há 6 anos, ainda na maternidade, perdeu o pai por algumas horas para o Coritiba, que precisava dele numa partida decisiva contra o Grêmio. A filha só não foi batizada com o nome do autor do gol da vitória porque era uma menina e o nome Isabela já estava definido, mas Ricardo seria capaz de convencer a mãe de Isabela a trocar o nome, caso o filho fosse um menino.
O futebol ainda sobrevive e se alimenta de histórias como esta. Do contrário, talvez já tivesse tomado outro caminho. Ricardo e seu amor pelo Coritiba, talvez seja o que faz valer a pena e compensa tudo que cartolas e o mercado da bola insistem em fazer para afastar a gente dos estádios.

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2 ideias sobre “Coxa de dar inveja!

  1. swissblue

    Quando morei na bela Curitiba foi amor a primeira vista. E segue! Mesmo a distancia sofro, alegro-me com as noticias do meu coxa. A unica camisa que eu tinha foi doada a um amigo que foi confundido varias vezes em plena Bahnhofstrasse como torcedor do Celtics. Esperando algum conhecido vir aqui em visita e trazer a mais bela das camisas de futebol. Parabens pelo belo texto.

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