10:48O cubano de Campo Magro

Um médico pediatra,  60 anos, bem informado e acostumado a ouvir seus clientes em longas conversas – e não em 2 minutos, como manda os SUS da vida, fez o seguinte relato a um amigo do blog:

 

Uma colega médica pneumologista atendia no Posto de Saúde de Campo Magro, na Região Metropolitana de Curitiba. Era benquista, o povo fazia fila para suas consultas, pois além de pneumologista fazia clínica geral, porque é assim que a coisa funciona em posto de saúde.  Na semana passada, minha secretária doméstica, que mora em Campo Magro, veio falar comigo com uma receita de remédios nas mãos.  Era daquele posto de saúde, mas os garranchos e a assinatura não era da colega pneumologista. Ela foi substituída por um médico cubano que tem uma enfermeira ao lado na consulta que serve como tradutora do que ele  fala. A única coisa legível na receita era o uso tópico de “permanganato de potássio”, remédio em desuso na dermatologia. O resto foi impossível traduzir. A médica pneumologista recebia 7 ou 8 mil reais da Prefeitura. Foi chutada porque o cubano recebe o mesmo do que aquela que escapou no Pará e denunciou. Além disso, consulta médica exige sigilo, não poderia haver enfermeira-tradutora presente e a população está uma arara, porque  o cubano faz medicina do tempo do onça e não consegue ser entendida pelo povão.

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Uma ideia sobre “O cubano de Campo Magro

  1. Z.

    Não conheço o médico que fez a denúncia, mas há alguns equívocos que não podem ser generalizados. Em primeiro lugar a medicina de Cuba não é do tempo do onça, muito ao contrário. Eles cuidam muito bem da saúde primaria, básica (coisa que aqui não fazem) pq não têm recursos e aparatos para as complexidades. Agem dentro da lógica: é melhor cuidar antes que o mal se agrave. Até Obama reconheceu isso e disse que os EUA, o “poderoso”, precisa aprender com Cuba nesse quesito.

    Em segundo, é muito discutível esse negócio de que o remédio usado antigamente não presta mais. As novidades da indústria farmacêutica pipocam a todo instante. Fazem congressos em resorts famosos, reunindo médicos e jornalistas para apresentar seus produtos.

    Em meio a tudo isso, vale lembrar a boa frase da jornalista e escritora Sônia Hirsch: “a saúde é subversiva porque não dá lucro a ninguém!”

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