16:09Pancada pra todo lado

Para sentir um pouco a temperatura entre os dois principais candidatos ao governo do Paraná, seguem os artigos dos deputados estaduais Ademar Traiano (PSDB), líder do governo que detona Gleisi Hoffmann, e Elton Welter (PT), presidente do PT, que rebate com tacape na cabeça do governo e do governador Beto Richa. Isso é política! Expressionante!

O estranho mundo de Gleisi Hoffmann

Ademar Traiano*
Gleisi Hoffmann se elegeu senadora do Paraná pelo PT em 2010. Não se conhece, no período em que esteve no Senado, nenhuma iniciativa sua em benefício do estado que a elegeu. Em 2011 foi para a Casa Civil. A partir daí se tornou a mais sorrateira e implacável inimiga do Paraná.
Na Casa Civil se destacou pela incompetência administrativa, pelos escândalos, pela escolha desastrosa de auxiliares e pelo combate aos interesses paranaenses. Durante os quase três anos que esteve no ministério ela prejudicou o Paraná de todos os jeitos e modos.
Quem pensa que Gleisi mudou porque voltou ao Senado se engana. Continua seguindo a estratégia nefasta de prejudicar o Paraná na crença que esse é o caminho mais curto para viabilizar o projeto do PT de tomar o governo do estado.
A nova cruzada de Gleisi é a derrubada do projeto que reduz a dívida dos Estados mudando o indexador da dívida. É um projeto particularmente benéfico ao Paraná por mudar o fator de correção das dívidas estaduais.
O Paraná teria economia de R$ 14 bilhões até 2028. Aprovado, o Paraná economizaria R$ 20 milhões por mês. São recursos que poderiam ser aplicados em saúde, educação e segurança pública. Pois na primeira votação, Gleisi votou contra o Paraná.
Durante o período em que esteve na Casa Civil o único êxito foi um trabalho incansável para impedir que o Paraná recebesse empréstimos. Todos os Estados brasileiros, menos o Paraná, receberam empréstimos federais durante o governo Dilma Rousseff.
O Paraná não recebeu nem mesmo os recursos do Proinveste – Programa de Apoio ao Investimento de Estados e do Distrito Federal. Ao Paraná caberia receber R$ 817 milhões. Todos os Estados receberam o Proinveste. Todos, exceto o Paraná.
O projeto de facilitar a campanha pelo governo do Paraná prejudicando o Estado é repulsivo e imoral, mas estaria dando certo não fosse um detalhe. Os paranaenses se deram conta da ação do PT e da ministra em Brasília e ficaram revoltados.
Daí a tentativa de Gleisi de escapar das cobranças indignadas dos eleitores apelando para mentira. Gleisi e os petistas passaram a alegar que o Paraná não teve seus empréstimos liberados porque as finanças do estado estão em má situação.
Uma mentira com pernas curtas. Comparativo feito com base em dados do próprio governo federal comprova que forças estranhas atuaram contra os interesses do Paraná. O comprometimento das receitas do Estado com folha de pagamento nunca ultrapassou o patamar de 49%, que é o limite que impede a concessão de empréstimos.
Estados que romperam esses limites receberam seus empréstimos normalmente, o que comprova a ingerência política contra o Paraná. Os dados são oficiais: além do Proinveste a Paraíba teve cinco empréstimos, no valor R$ 1,4 bilhão, liberados pela Secretaria do Tesouro Nacional. O dinheiro saiu apesar do estado ter comprometido 50,5% de sua receita com despesas de pessoal.
Tocantins conseguiu liberar empréstimos de R$ 522 milhões com 49,5% de suas receitas comprometidas. Alagoas, R$ 618 milhões com 49,05% de comprometimento. Só o Paraná, que jamais atingiu patamares tão altos índices de comprometimento da receita com a folha do funcionalismo, tem seus empréstimos negados.
Pode parecer absurdo que alguém que foi eleito por um estado se dedique a perseguir esse lugar com fúria, como Gleisi Hoffmann faz com o Paraná. Mas esse é o estranho mundo de Gleisi Hoffmann e do PT. Um mundo onde criminosos condenados são tratados como heróis, e os juízes hostilizados como se fossem criminosos.
É um mundo em que quadrilheiros julgados durante sete anos, defendidos pelos melhores e mais caros advogados do país, em uma corte que teve a maioria de seus membros nomeados por presidentes do PT, são considerados “vítimas de uma farsa”, condenados “sem direito a defesa” em um “julgamento político”.
É um mundo em que o partido, que se diz defensor dos trabalhadores e da democracia, contrata milhares de médicos em regime similar ao da escravidão para financiar ditadores sanguinários, que também recebem investimentos em setores, como portos, em que o governo do PT não investe no Brasil.
É um estranho mundo em que condenados, que se intitulam “inocentes” e “perseguidos políticos”, fogem do país com passaportes falsificados e mantém contas secretas milionárias na Suíça. É esse mundo em que senadora dedica seu mandato a prejudicar o estado que a elegeu.

*Ademar Traiano é deputado estadual pelo PSDB e líder do governo Beto Richa.

 

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Traiano confessa: “Estou em pânico”

Elton Welter*

 

O líder do governador Beto Richa na Assembleia Legislativa, deputado Ademar Traiano, do PSDB, gastou exatamente 4.340 caracteres em seu último artigo, “O estranho mundo de Gleisi Hoffmann”, para atacar a ex-ministra e hoje senadora, pré-candidata do PT a suceder o desastroso governo do qual o deputado é fiel escudeiro.

Tanto chumbo assim só se justifica porque a caça é grossa. De fato, diante dos descalabros cometidos por Beto Richa à frente do Palácio Iguaçu e diante do conhecimento que começam a ter disso os paranaenses, faz bem o deputado Traiano em voltar todas as suas armas contra a senadora Gleisi, que desponta como uma alternativa real para que o Paraná mude, para melhor, bem melhor. Quem sabe alguém acredita em seu arrazoado?

Entende-se o desespero de Traiano, obrigado a ocupar folhas e mais folhas de jornais e minutos e mais minutos das sessões da Assembleia para defender o indefensável e atacar o inatacável. É duro quando se chega ao último ano de governo e não se tem nada a apresentar, a não ser choramingas: Gleisi prejudicou o Paraná, Gleisi impediu que o Paraná obtivesse empréstimos, Gleisi assaca inverdades contra o competentíssimo, industrioso e impoluto governador do Paraná.

Com certeza, “o estranho mundo de Gleisi Hoffmann” e do PT é algo muito estranho para Traiano, Beto Richa e correligionários. Porque o mundo deles não é nada estranho para o povo brasileiro e, particulamente, paranaense. É, ao contrário, muito conhecido: o mundo dos privilégios, da casa grande e senzala, das desigualdades sociais, das injustiças. Um mundo em que um operário metalúrgico nunca poderia ter chegado à Presidência da República, em que um pobre nunca poderia fazer uma viagem de avião, ver seu filho na universidade ou comprar um carro zero quilômetro.

O pânico de Traiano diz respeito a muito mais do que a uma eventual derrota do governador Beto Richa nas eleições deste ano. É o medo de que seu mundo desabe. E é exatamente por entender que o mundo novo que construímos é muito estranho para Traiano que não o cobro por calar sobre a irresponsabilidade monumental de seu governador na condução dos destinos do Paraná; sobre a situação de insolvência do estado; sobre muitos casos ridículos pelos quais, infelizmente, o Paraná ocupou o noticiário nacional. São fatos inquestionáveis: o próprio ex-secretário da Fazenda, Luiz Carlos Hauly, havia dito que o Paraná tinha seis pendências junto à Secretaria do Tesouro Nacional; a própria atual secretária admite que o governo por pouco não conseguiu pagar o 13º salário dos servidores; o governo não nega que sacou indevidamente depósitos judiciais.

Não cobro do líder de Beto Richa, igualmente, que ele se posicione sobre o propinoduto tucano, sobre o helicóptero da cocaína, sobre o “mensalão” do PSDB e sobre inúmeros outros casos que demonstram, à saciedade, o modo tucano de governar, que é o modo do conhecido mundo de Traiano e Beto Richa.

O papel de Traiano (e ele o cumpre admiravelmente bem) é tentar mascarar o fracasso do governo que defende e apostar no fracasso do governo federal, que, para azar seu, vai muito bem, obrigado. Há poucos dias, Traiano posicionou-se contra a vinda dos médicos cubanos ao Brasil, no âmbito do programa Mais Médicos, esperando que a deserção de uma médica (uma, entre mais de 7 mil) lhe fornecesse a munição necessária. Pobre ilusão! A desertora era uma fraude, articulada no gabinete de um deputado federal tristemente célebre por suas posições obscurantistas.

Com Gleisi Hoffmann, o PT se apresenta para os eleitores paranaenses como uma alternativa para recuperar o Paraná. É inadmissível que um estado rico como o nosso esteja à míngua por obra e graça de uma administração inqualificável. O povo percebe essa situação, porque sofre com ela. O povo não está atribuindo a Gleisi Hoffmann suas agruras, e sim ao governador que elegeu. O deputado Traiano sabe disso, e por isso externa seus temores.

O medo, porém, não é bom conselheiro, em nenhuma circunstância. Eu preferiria que o governo Beto Richa tivesse uma coleção de realizações a mostrar, como resultados concretos de sua política tucana, e que a disputa eleitoral tivesse como base a discussão sobre dois projetos distintos. Convenço-me, contudo, de que isso não ocorrerá. As manifestações do deputado Traiano são indicações suficientes de que a campanha será a confronto do “nada fiz, por isso ataco” X “eu quero um Paraná melhor, mais justo, mais humano”.

Espero ter contribuído para deixar claras as diferenças entre o conhecido mundo de Traiano, Beto Richa e seguidores e o estranho, porque novo, mundo de Gleisi Hoffman e do PT.

*Elton Welter (PT) é líder da bancada de oposição na Assembleia Legislativa

 

 

 

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4 ideias sobre “Pancada pra todo lado

  1. Renato Glotter

    O Traiano citou fatos que o Welter não conseguiu (ou não pode) refutar. Aí caíu para a defesa da pseudo-ideologia do partido da ex-ministra.

  2. ODILE ROMANOFF

    Deixando de lado a forma dos dicursos, percebe-se claramente que o deputado Welter, está mais de acordo com a realidade paranaense, tem conteúdo.Persistindo a toada dos discursos, o deputado Traia vai ter que melhorar em muito o seu convencimento se quizer chegar ao segundo turno.,

  3. Diego Ribas

    Como se diz por aí, o novo sempre causa estranhamento. E esse estranho mundo da Gleisi é o mundo que os tucanos fecham os olhos e fogem para não aceitar. No desespero, torceu e retorceu os fatos afim de sair como coitadinho abandonado pelo governo federal. Triste ver um deputado em tal postura!
    O governo estadual já provou sua ineficiência. Só neste último ano a polícia sofreu, os professores sofreram, os fornecedores sofreram, a população paranaense sofreu com o descaso.
    Pague ao menos as contas, governador e cia! E aí depois tentem usar o que lhes sobra de dignidade para aceitar que quebraram o Paraná.

  4. João

    A função do governador é buscar soluções para os problemas do Estado. Ao que vejo ele trouxe foi mais problemas. Como um Estado consegue dever R$ 1,1 bilhão ? Alguém viu alguma obra suntuosa ? Gastos que ninguém sabe onde foram aplicados, pois a polícia sequer tem dinheiro para pagar combustível, escolas sem privadas, telefones cortados, enfim, o Governo Richa se afunda cada vez mais. Se existem normas para se obter empréstimos, basta que se cumpram estas normas. Mais ou menos como SERASA, ninguém consegue empréstimo se esta inscrito nele.
    Querer desviar o foco dos problemas e remeter esta responsabilidade para outro, é coisa de gente irresponsável que não tem capacidade para gerir.
    Richa, pede pra sair !

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