7:48Redemoinho

Do blog Cabeça de Pedra

 

Matava os bichos, ateava fogo às plantas e árvores, martelava, cortava, massacrava o que achava ser vivo. Cinco anos de idade. Pouco tempo depois começou a andar de bicicleta, acelerava a moto do pai, dirigia o carro. Trocou de colégio várias vezes porque não conseguia parar para prestar atenção – e uma rebeldia incontrolável ia se formando dentro do corpo que começava a tomar forma no judô e na natação. Não baixou o fogo e se gabava do tamanho do pinto. Quando a família se deu conta não conseguiam mais controlá-lo. Bateu na mãe, no pai, enganou meninas sonhadoras com uma conversa mansa, odiava gays, pobres, amava carros e motos, menosprezava as mulheres. Quase morreu num acidente de moto. Quase ficou paralítico, mas não ligou. Fugiu como o diabo da cruz do psiquiatra. Incendiou um colégio interno. Era um caso perdido até que descobriram o motivo para tudo. Um redemoinho no cabelo – bem na frente da cabeça, acima da testa. Era a própria imagem do  olho do furacão. Mandaram raspar a zero e passaram navalha para fazer desaparecer. Então o anjo de verdade que ele tinha trancado, tomou conta de tudo.

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