Me rodavam pelos braços
rodando até
eu não mais poder falar.
Me faziam tantas cócegas
que de tanto rir
nem mais podia soluçar.
Me lançavam para o alto
até meu corpo
deixar de existir.
Eu ria quando chorava
e chorava quando ria.
Um poço no jardim
disfarçado
me convidava em murmúrios
para eu lá me jogar
inocente.
E eu só dormia
dentro de uma caixa preta
cheia de cobras pretas.
Não me movia.
E todas as noites morria
sem mãe.
de Enio Mainardi em “O Moedor”