… Por trás dos olhos e da pele claros de Emma havia algo encolhido, enjaulado. E não enjaulado de uma forma que quisesse sair. Enjaulado de uma forma que proibia qualquer outra coisa de entrar. A jaula se abria quando ela o recebia dentro de si e enquanto durasse o ato de amor. Nessas horas, seus olhos bem abertos se mostravam atentos, e ele podia ver lá dentro sua alma, a luz vermelha de seu coração, e quaisquer sonhos que ela pudesse ter acalentado quando criança, temporariamente soltos e libertos de seu calabouço de paredes escuras e porta fechada a cadeado.
Quando ele saía, porém, e a respiração dela voltava ao normal, Joe via essas coisas se distanciarem como se fossem a maré.
de Dennis Lehane em Os Filhos da Noite