8:10Comitê da Fifa repassa gastos da Copa a governos estaduais e municipais

Da Folha de São Paulo, em reportagem de Juca Kfouri e Bernardo Itri

 

 

Os governos das 12 sedes da Copa do Mundo de 2014 assumiram despesas que deveriam ser bancadas pelo Comitê Organizador Local do Mundial, órgão subsidiário da Fifa.

A conta repassada pelo COL a Estados e cidades é de até R$ 870 milhões. É o que mostram contratos firmados para a realização da Copa no Brasil obtidos pela Folha.

Esse custo, inicialmente privado, foi empurrado para o poder público por meio de contratos aditivos datados de 2009, dois anos após a escolha do Brasil como sede.

O montante se refere ao aluguel de estruturas provisórias do entorno dos estádios, à realização dos sorteios do Mundial e à instalação do centro de mídia da Copa.

Em 2007, foi firmado entre COL e Fifa o “Hosting Agreement”, que trata da organização da Copa e dos eventos relacionados à competição.

Neste contrato, estão descritas as obrigações do COL.

O acordo previa que o órgão deveria arcar com diversos custos relacionados aos estádios, como o fornecimento de tecnologia da informação, de cercas para isolamento, de infraestrutura de mídia, de controle de acesso dos torcedores, entre outros.

Mas o custo com esses materiais, hoje chamados de estruturas complementares dos estádios, foi repassado às sedes do Mundial por meio de contratos aditivos.

As sedes da Copa, que em 2007 haviam assinado o “Host City Agreement” e o “Stadium Agreement”, acordos para sediar a Copa, tiveram que firmar esses contratos aditivos em 2009.

“Se não assinássemos os aditivos, nós estaríamos declinando de ser sede da Copa”, afirma Ney Campello, secretário da Copa na Bahia.

Na Copa das Confederações, essas estruturas complementares custaram R$ 214 milhões às sedes. Para o Mundial, os governos locais preveem gasto de R$ 50 milhões por cidade: mais de R$ 600 milhões. Assim, o custo total pode chegar a R$ 814 milhões.

R$ 56 MI COM EVENTOS

Não foi apenas o custo das estruturas complementares que o COL repassou às sedes. A realização dos sorteios da Copa também deveria ser paga pelo comitê.

Tanto o sorteio preliminar da Copa, em 2011, quanto o sorteio dos grupos do torneio, em dezembro de 2013, foram bancados essencialmente com dinheiro público.

A Prefeitura do Rio desembolsou R$ 30 milhões para promover o sorteio preliminar da Copa-2014.

Já o sorteio final aconteceu na Costa do Sauípe e foi bancado pelo governo da Bahia, com gasto de R$ 26,4 milhões.

Outra responsabilidade descrita como do COL no “Hosting Agreement” e repassada ao poder público foi a instalação do IBC (International Broadcast Centre), centro de mídia do Mundial.

O comitê firmou um outro contrato com a Prefeitura do Rio, no qual transfere essa atribuição ao governo municipal. A sede escolhida foi o Riocentro, e, como a gestão do local foi repassada à iniciativa privada, a princípio não haverá aporte de dinheiro público na estrutura.

A GL Eventos, concessionária que gere o Riocentro, diz estar investindo R$ 200 milhões –valor que poderia ser bancado pela Prefeitura do Rio. Desse aporte, aliás, o BNDES aprovou financiamento de R$ 87 milhões.

————

 

Sedes sabiam das obrigações desde a candidatura, diz COL

 

O Comitê Organizador Local afirmou que, assim como em outras edições do Mundial, a entrega do evento é uma responsabilidade compartilhada entre todos entes envolvidos, incluindo o país-sede, os Estados e as autoridades municipais, além da entidade que o organiza, ou seja, o próprio COL e a Fifa.

Diz que o conteúdo dos contratos com as sedes foi comunicado durante o processo de candidatura do Brasil para abrigar a Copa-2014.

E que, desde 2007, as sedes “se responsabilizaram pela entrega dos estádios conforme os requerimentos acordados, inclusive com as estruturas complementares.”

No entanto, os contratos aditivos obtidos pela Folha, em que constam as estruturas complementares, foram assinados somente em 2009.

A reportagem apurou que o que fez a Fifa assumir essa responsabilidade foi a preocupação de que cada sede poderia contratar fornecedores de energia diferentes e, assim, a entidade não teria garantia da qualidade do serviço.O COL afirma ainda que recentemente a Fifa assumiu o custeio da energia dos estádios e que isso vai gerar economia de R$ 47 milhões às 12 sedes. Os contratos dizem, porém, que essa responsabilidade era do COL.

A Aggreko será a fornecedora de energia complementar da Copa-2014.

O COL argumenta também que investiu R$ 20 milhões no sorteio final da Copa e aportará cerca de R$ 14,5 milhões no centro de mídia.

 

 

 

Compartilhe

Uma ideia sobre “Comitê da Fifa repassa gastos da Copa a governos estaduais e municipais

  1. Carlos

    Enquanto isto, o trouxa que se inscrever como voluntário vai ganhar um sanduíche pra trabalhar de graça durante a Copa!!!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.