15:13Parafuso Solto

Do ombudsman

 

A capa do Parafuso Social trazia o então governador Roberto Requião travestido na figura de Napoleão Bonaparte. O chapéu tradicional do imperador francês, porém, estava virado ao contrário na sua cabeça mostrando olhos esbugalhados. E também como a imagem famosa de Napoleão, a mão de Requião estava enfiada na altura da barriga, sob o uniforme.

A  manchete de abertura começava assim: “Requião dá milho pra bicicleta” e prosseguia com os já existentes episódios que colocavam em dúvida, para dizer o menos – a serenidade do governador.

Requião tinha os espiões da P2, o Serviço Secreto da PM e coligados, até na unha encravada no velho Richa. Todo cuidado era pouco.

Imprimir o Parafuso numa gráfica de Curitiba seria ingenuidade. Antes que a primeira chapa off-set (lembram disso?) beijasse a oficina,  já teria alguém dedando o material ao Campana e cia.

Mas Richa tinha um ás nas artes da sacanagem eleitoral. Quem, quem? Sim, Ricardo MacDonald, hoje emérito secretário do prefeito Gustavo Fruet.

Pois o criativo MacDonald conseguiu imprimir o Parafuso Solto numa gráfica de Cuiabá. O jornal tinha estampado a tiragem: 750 mil exemplares (se tivesse 20% disso era muito).

O primeiro exemplar circulou no boteco que o Fernando Ghignone tinha na esquina da Brigadeiro Franco com a Comendador Araújo. Lá, depois do batente pro mal e pro bem diário das campanhas, o pessoal de comunicação de Requião, Batatinha (Martinez) e Richa ia encher a cara.

O dito exemplar, em forma de funil, voou do primeiro andar do estabelecimento direto pra mesa onde estava Fabio Campana e outros assessores de Requião.

E começou a captura do Parafuso. Mas MacDonald tinha uma delegado da Polícia Federal que lhe avisava quando os PMs de Requião conseguiam o endereço do depósito  do poderoso rotativo e imediatamente deslocava os exemplares a outro ponto. Bons tempos.

Como disse Napoelão (o verdadeiro, não o Requião):

– TENHO MAIS MEDO DE TRÊS JORNAIS DO QUE CEM BAIONETAS

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Uma ideia sobre “Parafuso Solto

  1. Didi Mocó

    Caraca que texto surpreendente !!!!! Só depois de décadas que pode ser publicado e escancarada a engrenagem política da paróquia.

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