Meus pólens
são bilhões
descendo turbilhonados
tocados por um vento.
Nuvens de pólen
cascatas
que sobem e descem
revoluteadas
na busca da vagina-mãe.
Chegando abortadas
no asfalto molhado]em telhados cimentados
cantos cobertos
de prédios desertos.
Espermas descartados
destinos terminados
amores desligados
palavras não ouvidas
mundo infertilizado.
Mas sempre tem
um último pólen
desgarrado]
que teima em rodopiar
alado.
de Enio Mainardi em “O Moedor”