20:28Pólen

Meus pólens

são bilhões

descendo turbilhonados

tocados por um vento.

Nuvens de pólen

cascatas

que sobem e descem

revoluteadas

na busca da vagina-mãe.

Chegando abortadas

no asfalto molhado]em telhados cimentados

cantos cobertos

de prédios desertos.

Espermas descartados

destinos terminados

amores desligados

palavras não ouvidas

mundo infertilizado.

Mas sempre tem

um último pólen

desgarrado]

que teima em rodopiar

alado.

 

de Enio Mainardi em “O Moedor”

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