11:55Ao Jorge Narozniak

Pô, bigode, você fez eu bater um recorde que não queria – o das férias mais curtas da minha vida! E que forma mais triste esta de saber que você resolveu ir caminhar, como gostava – só que agora sem volta. Nos encontramos muito pouco neste caminho aqui na Terra, mas deu para perceber que você era especial neste seu jeito polaco de ser. Passei oito meses naquela Assembleia Legislativa e toda vez que a gente tinha um dedo de prosa, lá vinha você com um conhecimento tão absurdo das coisas deste Paraná, principalmente das pessoas que deixaram marcas que são pouco reverenciadas, que eu ficava ali pensando comigo que poderia escrever um livro de ouvido, se é que existe este termo. Mas sabia que elas eram suas, porque você sempre foi jornalista com radar ligado para o que interessa, não para o cacarejar do que chamam factual e tal, cacarejar esse que aumentou muito o volume nestes tempos que chamam modernos, como se o atual não fosse sempre moderno. De vez em quando via você de dentro do carro e sempre lembrava das aulas de história que dava e, depois, ficava feliz quando alguma delas se transformava em reportagem ou série na RPC TV. Achava que a primeira assinatura nos créditos deveria ser sua, porque tinha certeza do quanto batalhou para transformar o que sabia em aula para todos os telespectadores. Pena que não aproveitaram tudo. Talvez porque, ao ouvir, não captassem o grande cineasta que você foi, pois descrevia muito bem em imagens os detalhes, as cores, enfim, tudo. Foi o que aprendi com você, meu caro. Agora descanse, porque você fez. Quem teve o prazer de te conhecer, agradece.

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Uma ideia sobre “Ao Jorge Narozniak

  1. Raul Urban

    PARA JORJÃO, O GUERREIRO

    Lá se foi nosso heróico Bigode! Que falta nos faz…. conheci Jorge ainda no fim dos 1960, quando estudnte de Jornalismo na Católica – e ele já estava tocando o dia-a-dia no Diário do Paraná. Depois, eu já no “Estadinho”, quantas vezes compartilhei da companhia do Jorge multifacetado. Convivemos também, na década de 1970, quando, em épocas diversas, éramos diretores do Sindicato dos Jornalistas do Paraná. Dos jornais à Asswembléia, com passagens por secretarias de Estado, boêmio sempre, lutador pelas coisas que foram e são notícias – assim era o Naozniak que, lá atrás, tinha mesas cativas no já extinto Bar do Luís – que ficava na rua José Loureiro, embaixo do antigo Canal 6 -, ou no Bar Palácio.
    Não lembro bem, mas penso ter sido agora, em setembro (ou teria sido agosto?), que, pela última vez, vi esse Jorge brilhante enquanto produtor, ao encontrá-lo na RPCTV, quando aceitei convite da ÓTV para um rápido depoimento sobre o Cassino Ahú. Foi ele quem me recebeu na portaria da emissora e me conduziu ao estúdio, enquanto falávamos das coisas passadas, no tempo que passou rápido. Jorjão já estava alquebrado, passos pesados, andar de um caminhante lerdo, tomado pela idade – algo extremamente compreensível para um guerreiro que, aos 70 anos, jamais abandonou capa e espada, brigando por aquilo que mais amava: fazer a notícia; escrever; lembrar.
    Vai em paz, Jorge, nome de guerreiro que tanto nos honrou, enquanto companheiro das infinitas lutas. Saberemos fazer de ti, sempre, um exemplo, uma referência, o ponto de partida de novas ideias, projetos e a concretização dos sonhos. Fica o abraço póstumo a quem me ensinou as lides do ofício no andar do tempo. Obrigado.

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