11:18PARA NUNCA ESQUECER

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Dirceu José Guimarães

 

Do blog “Mestres da Bola”

 

 

Ele talvez tenha sido um dos jogadores mais técnicos e voluntariosos da história do futebol brasileiro. Sua disposição era tão grande que acabou herdando o apelido de “formiguinha” do Velho Lobo Zagallo. Falo de Dirceu, um dos principais nomes da Seleção Brasileira nas décadas de 1970 e 1980. São três Copas do Mundo, uma Olimpíada e muitos clubes no currículo. Sua brilhante carreira durou 25 anos. Detalhe: nesse tempo todo, nunca recebeu um único cartão vermelho, apesar de toda a sua garra e toda a sua determinação mostrada nos gramados. Sem dúvida alguma, deixou muitas saudades.

Dirceu José Guimarães nasceu no dia 15 de junho de 1952, na cidade de Curitiba, capital do Paraná. Iniciou a sua cerreira no futebol no final dos anos 1960 no infantil do Coritiba. Foi lançado no time profissional pelo lendário Filpo Núñez quando tinha apenas 18 anos e logo começou a ser notado pelos dirigentes das equipes do eixo Rio-São Paulo. Foi fundamental na conquista dos campeonatos paranaenses de 1971 e 1972, conquistados pelo Coxa Branca. Antes de se transferir para o Botafogo, participou dos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, e foi um dos poucos jogadores a se salvar na decepcionante campanha da Seleção Brasileira, que foi desclassificada ainda na primeira fase.

Suas atuações com a camisa do Botafogo fizeram com que aquele jovem ponta-esquerda ganhasse notoriedade e prestígio junto à torcida. Mesmo não tendo conquistado títulos com a camisa alvinegra, foi lembrado por Zagallo para fazer parte do grupo que disputou a Copa do Mundo de 1974, na Alemanha Ocidental. Dirceu não começou o Mundial como titular, mas ganhou a vaga na segunda fase da competição e teve boa participação nos jogos contra a Alemanha Oriental, a Argentina, a Holanda e a Polônia. O quarto lugar na Copa acabou frustrando os torcedores, mas o hábil ponta-esquerda seguiu com bastante moral com a torcida.

Dirceu defendeu as cores do Botafogo até 1975, participando de 52 partidas e marcando nove vezes. Depois foi contratado pelo Fluminense e fez parte de uma das equipes mais fantásticas e mais lembradas pela imprensa esportiva: a Máquina Tricolor. Junto com craques como Carlos Alberto Torres, Paulo César Caju, Edinho, Rodrigues Neto, Gil e Rivellino, conquistou o Campeonato Carioca de 1976 e ainda levou o Flu às semifinais do Campeonato Brasileiro de 1976, quando a equipe das Laranjeiras foi derrotada pelo Corinthians nos pênaltis, na partida que ficou conhecida como a “invasão corintiana”.

 

Deixou o Fluminense em 1977, como parte do “troca-troca” idealizado por Francisco Horta e se transferiu para o Vasco da Gama. Quando chegou em São Januário, Dirceu se transformou num dos principais jogadores do time da cruz de malta, formando um meio-campo de muito respeito com Zé Mário e Zanata. A conquista do Campeonato Carioca daquele ano (com apenas uma derrota e nenhum gol sofrido em todo o segundo turno) entrou para a história do Gigante da Colina. E a final contra o Flamengo de Zico (decidida apenas nos pênaltis) é considerada até hoje uma das mais emocionantes da história da competição.

Suas boas atuações com a camisa cruzmaltina lhe renderam a convocação para a sua segunda Copa do Mundo, em 1978. Dirceu, a princípio, era o reserva imediato de Rivellino, mas acabou entrando logo no na partida de estréia, contra a Suécia. A “formiguinha” marcou três gols no Mundial da Argentina (dois contra o Peru e um contra a Itália) e foi o principal destaque da Seleção Brasileira que ficou com a terceira colocação no torneio, na ocasião chamada de “campeão moral” pelo técnico Cláudio Coutinho. E suas atuações foram tão boas que ele foi premiado com a Bola de Bronze da Copa do Mundo, como o terceiro melhor jogador do Mundial e fazendo parte da seleção do torneio.

Depois de duas temporadas jogando pelo América do México, Dirceu se transferiu para o Atlético de Madrid em 1979, permanecendo no clube por três anos. É lembrado por Telê Santana para a Copa do Mundo de 1982, na Espanha, mas só atua no primeiro tempo da partida contra a União Soviética. Depois do Mundial, inicia uma verdadeira peregrinação por clubes europeus, principalmente na Itália, onde defendeu o Napoli, o Ascoli e o Como. Por este último, participa da melhor temporada da história do clube, levando a pequena equipe ao oitavo lugar no Campeonato Italiano e à semifinal da Copa da Itália. Por causa dessa temporada, foi eleito o melhor jogador do Calcio de 1985/86.

Foi convocado para a Copa do Mundo de 1986, mas acaba cortado por conta de uma lesão causada num choque com o goleiro Paulo Victor a poucos dias do embarque para o México. No entanto, Dirceu se mostrou inconformado com o fato e nunca perdoaria o técnico Telê Santana e o médico Neylor Lasmar pela sua ausência naquela que seria a sua quarta Copa do Mundo. é bom lembrar que outros jogadores veteranos como Zico, Sócrates e Falcão estavam lesionados e/ou fora de forma e contaram com a complacência da comissão técnica.

Dirceu defenderia ainda o Avellino, da Itália, retornou ao Vasco da Gama em 1987 (onde se desentendeu com o técnico Sebastião Lazaroni e só jogou sete partidas), passou pelo Miami Sharks, dos Estados Unidos e por outras equipes pequenas do futebol italiano, se dividindo entre os campeonatos de futebol e futsal. Com quase quarenta anos, vive outro grande momento atuando pelo modestíssimo Ebolitana (equipe da cidade de Eboli, na província de Salerno). Com o ex-companheiro de Fluminense Rubens Galaxe no comando do time, a fanática torcida começou a sonhar com o acesso para a Série C do Campeonato Italiano. Mesmo não tendo conseguido a classificação, Dirceu é homenageado pelo clube que batizaram o estádio local com o nome “Stadio Dirceu José Guimarães.

Depois de mais um período atuando no futebol de salão e no showbol, Dirceu aceita uma proposta do Yucatán, onde encerraria a sua brilhante carreira em 1995. E a sua despedida contou com a presença de amigos como Zico e Roberto Dinamite jogando num Estádio Asteca tomado por 50 mil pessoas que queriam ver a “forminguinha” jogando pela última vez. Talvez a única mágoa do jogador (além da polêmica do corte na Copa do Mundo de 1986) tenha sido o fato de nuna ter sido homenageado em Curitiba, sua cidade natal. Por outro lado, Dirceu também ficou conhecido pelo fato de priorizar boas propostas financeiras ao invés de permanecer nos clubes por um maior período de tempo.

Dirceu José Guimarães morreu no dia 16 de setembro de 1995, uma semana depois de retornar ao Rio de Janeiro. O craque retornava de uma partida de futebol com o amigo italiano Pasquale Lazio quando foram vítimas de de um acidente de carro na Barra da Tijuca. A sua aplicação tática, os seus toques geniais e a sua categoria são lembrados até hoje.

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2 ideias sobre “PARA NUNCA ESQUECER

  1. Jeremias

    Conheci Dirceu disputando a Taça São Paulo pela equipe juvenil do Curitiba. O ataque era Toninho, Toni, Dimas e Dirceu.
    Quando estreeou na equipe principal do Coxa, usava um cabelo reco, pois estava servindo o Exército no Quartel do Bacacheri.
    Lembro ainda que durante as Olimpíadas de Munique, em 72, Dirceu bateu o recorde mundial do teste de Cooper, muito em moda na época.
    Dirceu, já muito famoso, teve uma loja de artigos esportivos na Rua Barão do Serro Azul. Não recordo o nome da loja.

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