6:55Em crise, governo do Paraná atrasa obras e pagamentos

Da Folha de S.Paulo, em reportagem de Estelita Hass Carazzai

 

 

Sem dinheiro para pagar funcionários e fornecedores, o governo Beto Richa (PSDB), no Paraná, tem atrasado há pelo menos quatro meses pagamentos referentes a dezenas de obras e serviços.

Construções de rodovias pararam ou desaceleraram. Veículos policiais esperam conserto em oficinas. Não há aumentos para servidores desde setembro. E até obras da Copa foram afetadas.

Empresas contratadas pelo governo dizem que acumularam dívidas pela falta de pagamento.

“Tem empresa em extrema dificuldade, que está se financiando para não deixar de pagar salários e fornecedores”, diz Evaldo Kosters, diretor do Sindirepa (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos).

A situação, considerada um “sufoco” pelo próprio governo, é explorada pela oposição. O PT, que deve lançar a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) como candidata ao governo em 2014, acusa Beto Richa de má gestão.

O ex-governador e senador Roberto Requião (PMDB), outro possível candidato, gravou vídeo em frente a obras paradas e afirma que Richa “não começou a governar”.

REAÇÃO

A gestão tenta reagir. Com nova secretária desde outubro, a Fazenda fechou o cofre para reavaliar prioridades.

A dívida é de R$ 700 milhões. O orçamento anual, de R$ 29 bilhões. Ou seja, o Estado deve cerca de 30% das despesas mensais.

Com metas estipuladas na campanha de 2010, o governo teme não conseguir cumprir o que prometeu.

O Estado teve alta de 17% na receita neste ano, mas gastou no mesmo ritmo. Desde 2012, com a contratação de policiais e novos reajustes a professores, o Paraná atingiu o limite de gastos com pessoal fixado por lei.

E a receita de transferências federais cresceu menos que o esperado -apenas 5%.

Além disso, empréstimos internacionais aprovados em órgãos como Banco Mundial não foram liberados pelo Tesouro, diante do estouro de gastos com o funcionalismo.

Mesmo sem o dinheiro garantido, o governo começou as obras a serem financiadas pelos empréstimos.

“Todo mundo foi gastando e gastando”, diz a secretária da Fazenda, Jozélia Nogueira. “Pensavam: amanhã sairá o empréstimo. Não saiu.”

A situação, agora, é de aperto total, ainda que os empréstimos sejam esperados para breve -o Tesouro deve autorizar as operações.

O salário do funcionalismo, promete o governo, está confirmado. As dívidas com fornecedores devem ser quitadas até março. Mas espaço para “respirar”, diz a Fazenda, só em 2015.

Editoria de Arte/Folhapress

 

Secretaria da Fazenda do Paraná impõe limite a pastas e ameaça cortar metas

 

Procuradora do Estado há 23 anos, a nova secretária da Fazenda do Paraná, Jozélia Nogueira, 49, assumiu a pasta há dois meses com a dura missão de cortar gastos às vésperas de um ano eleitoral.

“Sou igual ao pai que põe limite no filho”, afirmou à Folha. “O filho briga, não gosta, mas no fundo sabe que precisa”, completa Jozélia.

A tesoura da secretária causou mal-estar entre os secretários, que se queixam da desaceleração de ações por causa do aperto financeiro.

Mas a secretária quer ir além: cogita, inclusive, cortar metas no ano da eleição.

“Tenho uma posição cautelosa. Sou prudente, mesmo. Não tem dinheiro para tudo.”

Para Jozélia, é melhor “reduzir um pouco a meta” agora e manter o Estado no azul do que causar prejuízo aos cofres públicos. “Não há problema nisso, porque o povo também quer que o governo seja equilibrado”, disse.

A advogada diz que assumiu o cargo para fazer “contraponto” aos políticos, que querem mostrar serviço e gastam mais do que poderiam.

Em 2014, cada pasta terá que escolher no máximo três prioridades para investir. Quem quiser gastar mais, só com aval do governador.

Para reforçar os cofres, a Fazenda também começou um “mutirão de cobrança”. Quem não pagar o que deve ao governo em impostos como o IPVA terá dívidas protestadas, entrará no Serasa e pode ter o carro recolhido. “É drástico”, diz a secretária.

Isso, estima, deve render R$ 360 milhões até o fim do ano -o suficiente para quitar metade das dívidas.

Compartilhe

7 ideias sobre “Em crise, governo do Paraná atrasa obras e pagamentos

  1. Régis Benetto

    isso é fruto do descontrole financeiro que vem há mais de 1 ano e o governador não fez nada. ao contrátio pos o pé no acelerador esse ano pressionado por políticos que dominam a máquina pública, que querem fazer obras e contratos. O ex-secretário da Fazenda também politico, o que esperar? Acho que é a maior proporção de deputados e candidatos a deputado no primeiro escalão dos estados do Brasil. Esse é o resultado.

  2. Observador

    Essa Secretária da Fazenda parece ser uma pessoa de fora do governo. Suas manifestações, opiniões e atitudes mostram o quanto está desafinada com a equipe, pois só está a criticar e não a resolver. Se dará para respirar só em 2015, significa ela dizer que o atual governo acabou. Quanto imprudência, quanta falta de semalcou. Cuidado turma. Ficarão dominados …

  3. Jeremias

    É tudo mentira da Folha de São Paulo.
    Beto Richa está apenas dando um choque de gestão na economia paranaense, fazendo mais com menos e fechando a torneira do desperdício.
    E tudo com muito respeito pelo povo paranaense.
    Promessa feita em campanha. Promessa cumprida.

  4. Maringas

    se na Prefeitura de Curitiba, com um orçamento muito menor, eles deixaram um rombo de R$400 Milhões, imagina no Governo do Estado o rombo que vão deixar.

  5. Buque Jr.

    Ser prefeito é uma coisa, governador é outra realidade. Na prefeitura de Curitiba, a inércia de Beto Richa ficou camuflada. O município tem grande receita e a cidade é pequena territorialmente, tem apenas 431 km2, um dos menores municípios do Paraná. E grande parte dos problemas econômicos, sociais, de infraestrutura e de segurança, estão em outras cidades da região metropolitana; ou seja, os problemas são dos outros prefeitos. O governador, se quiser “coçar o saquinho” tem que ter um secretariado excelente e saber mandar, o que não é o perfil do governador e do seu governo. Esse negócio de andar de moto, inaugurar shopping center, frequentar a praia de Bombinhas, viajar para o exterior etc., não vai dar certo, o homem vai perder a reeleição. Não sei se ainda dá tempo, mas é melhor correr logo!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.